Garota Jolie - 6


Sexta-feira, eu estava sentada com Bianca, Camila e o Fernando, um colega nosso de sala, em um dos bancos de concreto, naquela mesma pracinha dentro da faculdade. Estava frio, por isso estávamos ali, no sol. Naquele dia a professora tinha faltado, nas primeiras aulas, então estávamos conversando.

            De repente, vi a Priscila andando em direção a praça, não ia passar por mim, mas ainda assim dava para vê-la. Estava nervosa, e agora? Olhei para ela. Ela me viu, de longe, e acenou dando oi. Acenei de volta, falando um sonoro oi. Abri um sorriso de orelha a orelha e foi difícil desfazê-lo! Caramba, dessa vez ela me cumprimentou primeiro, mesmo depois de eu ter falado com ela no dia anterior!


            Eu achava que não fosse falar nada, me ignorar, ou coisa parecida, mas não. Eu achava que estava indo bem, pelo menos ela havia falado comigo. Era a penúltima semana de aula. Infelizmente, ela não apareceu na última semana antes das férias de Julho. E eu todos os dias esperava que ela passasse, toda maravilhosa, mas esperei em vão. Bem, disseram que a Priscila trabalhava em uma loja no shopping, minha avó estava sempre indo ao shopping, desculpa perfeita!

            Logo na primeira semana de férias, fomos naquele shopping em que ela trabalhava. Passei em frente à loja, com um olho comprido lá dentro, olhando as moças todas chiques de saias negras e salto altos, nada. Ela não estava ali. Meio decepcionada continuei andando pelo shopping.

            Eu estava muito ansiosa. Pela primeira vez estava sendo tão corajosa em enfrentar algo, nunca havia ido tão longe. Pode parecer besteira, mas para quem sempre fica no seu canto, estar assim quase perseguindo alguém já é um grande passo. E por favor não achem que sou louca, pois não o sou, bem talvez só um pouquinho, mas isso é outra história. A questão é que eu precisava vê-la novamente.

            Na semana seguinte, advinhem aonde eu fui? Ahãm, exatamente, no shopping outra vez. E ela? Nada ainda. Eu passava, tentando olhar discretamente dentro da loja, procurando-a, mas nunca a via. Eram sempre várias moças nos trajes quase iguais, mas não conseguia divisar seu rosto inesquecível. Era frustrante. Ou ela estava de férias, ou não trabalhava mais ali. Poderia entrar para perguntar, ligar, mas e a coragem? Onde ficava? Bem trancada, eu acho.

            Eu precisava entrar lá para ter a certeza de que ela não estava ali, portanto, quando eu fui com a minha mãe e minha avó no shopping, acabei comentando com a minha mãe sobre ela, e como ela parecia com a Jolie. Certo, eu sei, estranho. Mais estranho ainda, minha mãe não reclamou de entrar na loja comigo. É, complicado essa parte, qualquer dia explico melhor. O fato é que entramos lá. Eu suava frio, as mãos geladas e na cabeça a única certeza: “o que estou fazendo aqui?”.

            Logo uma vendedora simpática veio perguntar o que precisávamos. Minha mãe inventou que queríamos comprar uma blusa para o meu pai, então ela começou a mostrar as blusas e camisetas de diversas cores. E eu, olhava de um lado para o outro a procurando. Depois de um tempo, minha mãe agradeceu e disse que iria dar mais uma olhada, saímos da loja. Bem, a loja era muito, mas muito chique.

- E então, ela estava lá? – perguntou minha mãe, curiosa.

- Não. – disse tristemente.

            Realmente, eu não estava com sorte. Acredita que passei as férias inteiras sem noticias dela? Estava super ansiosa pela volta às aulas, assim finalmente poderia vê-la. Mas, como o destino é incerto... A primeira semana de aula ainda era no fim de julho, então ninguém ia, eu também não fui. Quinta-feira eu e minhas amigas, Camila, Bianca e Jéssica, resolvemos ir ao shopping. As aulas começariam na segunda.

- Então, será que ela está lá? - disse Camila, quando nos aproximávamos da loja.

- Não sei... – eu estava insegura.

Jéssica tinha ido ao banheiro, e íamos encontrá-la lá. Quando estávamos passando perto da loja, mas de longe, vi que ela estava na porta. Meu coração disparou! Toda linda, com a saia preta, meia calça preta, salto alto, blusa preta e o cabelo solto. Ela me viu e acenou para mim.

- Você vai lá? – perguntou Bianca.

            Não tive dúvidas. Nem disse nada, somente andei até a porta da loja, com Camila e Bianca em meu encalço. Abri meu melhor sorriso e disse:

- Oi. – já estava perto o suficiente.

- Oi. – me respondeu com um sorriso lindo.

            Sério, não sei como consegui, só sei que estando tão perto, coloquei minha mão em suas costas e inclinei-me para beijar seu rosto, cumprimentando-a. Que perfume maravilhoso que ela usava! Enquanto conversava, Camila ficou ao meu lado e Bianca começou a olhar as blusas que estavam por ali.

- Então, passeando? – perguntou.

- Sim, com minhas amigas.

- É, eu já te vi. – disse se dirigindo a Camila. Claro que já a tinha visto, eu estava sempre com ela!

- Então, as aulas começam semana que vem, certo?

- Sim. – respondi. – Na verdade, começaram essa semana, mas ninguém vai, ainda é fim de julho.

- Verdade. Eu fui à faculdade segunda-feira e não tinha quase ninguém.

- É. Então, tenho que ir. – respondi, mentira, eu queria ficar. – Você vai segunda-feira na faculdade?

- Vou. – sorriu.

- Então te vejo na segunda. – abri meu melhor sorriso e sai de lá com Camila segurando o riso.

            Mal saímos da loja, ela começou a rir sem parar.

- Do que você está rindo? – perguntou Bianca, juntando-se a nós.

- Dessa boba aqui! “Vai à faculdade segunda? Te vejo lá”! – e voltou a rir.

- Para de rir, sua besta! – disse dando um tapinha em seu ombro.

- Sara, dava pra perceber que você estava de queixo caído conversando com ela!

- Dou tanta bobeira assim? – realmente, nunca tinha reparado nisso.
- Dá! – gritaram Bianca e Camila juntas.

            Começamos a rir e seguimos nosso caminho para o banheiro, atrás da Jéssica. É, depois disso passei o dia sorrindo boba, como criança. Eu sei. Idiota. Sempre me digo isso, mas não adianta. Aquela mulher me tira do sério, só com um sorriso dela eu já me derreto toda! Então pode imaginar como eu estava naquele momento! Só não esperava pelo que aconteceria quando as aulas retornassem...

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