Love Game: 1 - A Intocável



Capítulo 1 – A Intocável


          O sinal bateu a alguns minutos marcando o fim da aula, e eu não percebi. Se não fosse Gabriel me avisar eu teria ficado na sala, sentada em minha mesa, pensando. Não sabia o que estava acontecendo comigo, não era para ser assim! Levantei pegando meu material e fui até a sala dos professores. Vazia, ainda bem! Joguei-me no sofá e fiquei pensando em que ponto da minha vida eu tinha deixado de ser uma caçadora e tinha virado a caça. Em que momento eu tinha deixado aquela garota me vencer, me submeter á esses sentimentos que nunca me pertenceram. Quando foi que minhas brincadeiras tornaram-se verdadeiras?

           
            Eu sou a Sally, prazer. Sou professora do ensino médio e leciono há oito anos já, mas ao contrário do que possam pensar sou bem jovem. Quanto? O bastante para poder me envolver, provocar os alunos que ficam ouriçados quando me vêem. Prefiro o terceiro ano em particular, porque nunca mais os verei, de modo que fica mais difícil acusarem-me de atentado ao pudor. Não, não sou uma aliciadora de menores, longe disso. Mas sinto-me lisonjeada quando todos babam por mim, por causa da minha aparência bela e jovem, sensual. Sem exceções: garotos e garotas.

            Sou uma ótima professora, inteligente e tudo mais, talvez por isso a diretora nunca tenha me importunado. Além do que, vou com roupas que possam ser abertas em lugares estratégicos. Nada de saias curtas e blusas decotadas. E sim, blusas com botões aqui e ali, um pouco mais transparentes, calça de cós baixo, salto alto e calças que marquem o meu corpo, essas coisas. Quem não babaria em uma loira dos olhos verdes, magra, seios firmes, cabelos lisos e na altura dos ombros? Um corpo malhado de dar inveja, sensual e feminino? Pois é, eu sei irresistível.

            Uma única coisa: sou intocável. Não deixo que ninguém me toque, eu provoco e provoco, mas não deixo ninguém me tocar, não sei o porquê. Quer dizer, nunca me deixei tocar, até essa garota aparecer. Paola o nome dela. Uma garota dos olhos castanhos hipnotizantes, boca perfeita, cabelos cacheados, e jeito de menina mulher. Parecia uma garota ainda, mas suas atitudes e sentimentos... São de uma mulher, a única que conseguiu mudar o meu mundo á ponto de eu me entregar completamente, de corpo, alma e coração.

- Quem é essa? – ouvi uma voz curiosa perguntar logo quando eu entrei na sala de aula, segurando meu material.

- Nossa professora de português. – respondeu Marina, olhando em minha direção.

Coloquei minhas coisas em cima da mesa e sentei na cadeira, cruzando as pernas. Tinha ido com uma calça jeans justa, salto alto e uma camisa de branca cheia de botões, o primeiro estava aberto propositalmente. Cabelo preso displicentemente com alguns fios caindo pelo rosto. Senti a garota olhar-me de cima a baixo e sorri com isso. Era mais uma para a minha coleção.

- Bom dia turma! Meu nome é Sally para os que ainda não me conhecem, mas acho que não tem muitos alunos novos. Alguém? – ela levantou o braço, sorrindo.

- Qual o seu nome?

- Paola. – ela respondeu me comendo com o olhar despudoradamente. Sorri, ia ser divertido brincar com ela.

- Seja Bem-Vinda! Então, alguém poderia apagar a lousa pra mim? – na mesma hora surgiram uns três garotos disputando para ver quem seria o sortudo. Voltei a sentar enquanto abria a pasta e pegava meus livros para começar a aula.

            A minha aula era dupla na sala do terceiro ano, e o tempo todo, a Paola não tirou os olhos de cima de mim. Senti-me lisonjeada e curiosa ao mesmo tempo, logo no primeiro dia secar-me de cara... Geralmente as meninas faziam isso discretamente, mas ela era diferente das outras, pude perceber isso. Enquanto todos faziam os exercícios que eu tinha passado, ela me chamou:

- Professora! Não entendi uma coisa. – levantei e fui até a sua carteira, inclinando-me sobre ela.

- O que você não entendeu? – olhei para o exercício que ela me apontava e sorri. Era fácil demais! Impossível ela não ter entendido ou não ter conseguido fazer. Olhei bem dentro dos olhos dela e senti um arrepio quando seus lábios abriram-se em um sorriso.

- É assim. – peguei o lápis e ajudei-a a fazer o exercício. Pude perceber seus olhos em meu decote, mas eu nada disse.

- Obrigada. – ela sorriu de volta. Eu respondi:

- Pode chamar sempre que precisar.

- Eu irei. – ela rebateu, voltando os olhos para o caderno.

            Acabada a aula, peguei minhas coisas despedindo-me do pessoal, só teria aula com eles dali a dois dias. Saí da classe e mal andei cinco passos, senti alguém andando ao meu lado.

- Você vai sempre assim para a aula? – Paola disse fitando-me nos olhos.

- Sim, algum problema? – parei enquanto perguntava, levantando uma sobrancelha.

- Nenhum. – disse isso sorrindo. Percebi que ela não queria que a conversa acabasse ali, resolvi dar corda:

- Então... – incentivei-a a falar.
- Ah esquece. Adorei sua aula. – sorriu de volta e saiu voltando para a sala de aula.

            Sorri intimamente, ia adorar brincar com essa minha nova aluna. Aliás, uma garota bem linda, diga-se de passagem. Um corpo bonito, olhos e boca então, nem se fale! Eu não ia agüentar ficar parada sem chegar nela por muito tempo, mas ia esperar aquele dia passar. Também não queria correr atrás, o jogo era que: aqueles que fossem corajosos o suficiente para tentar, deveriam vir até mim. E não o contrário.

            Mal eu entrei na sala dos professores, Camila, a professora de química já veio falar comigo, não estava com uma cara muito boa.

- Você não me ligou ontem. – eu olhei bem para ela. Aquela baixinha morena estava cheia de raiva! Quando elas iam entender que tudo era apenas uma brincadeira? Pra quê se estressar?

- Não deu, me desculpe. Tinha outras coisas para me preocupar.

- Outras coisas? – ela disse colocando as mãos na cintura. Eu estava de bom humor, mas odiava agüentar esses ataques.

- Sim, outras coisas mais importantes. – ela fechou a cara de vez, antes de dizer:

- Vocês são todas iguais! – e saiu batendo o pé. Sorri, dali a alguns dias ela ia voltar. Eu tinha certeza! Já vira essa cena se repetir várias vezes.

            E por favor, não me comparem com aquela coisa da Shane do seriado lésbico, não tenho tanto mau gosto quanto ela! E outra: não é que eu pegue todas, e sim todas as que eu quero. Pelos alunos, eu era intocável, até eu descobrir aquela garota: Paola. 

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