Garota Jolie 18


Capítulo 18

            Lili começou a me contar a história das duas desde o começo:

- Bem, quando a Priscila foi fazer a primeira tatuagem, lá na loja, eu já fiquei interessada nela. Não fazia ideia do que ela gostava ou não, mas percebia que ela retribuía meus olhares. Um dia, quando voltou lá pra pagar, já estava quase na hora do meu almoço e eu a convidei para almoçar. Ela aceitou. Começamos a conversar e descobrimos muito em comum. Naquela época, ela saia com o Lucas, mas eram somente namorados ainda. Céus, como era maravilhoso! Saíamos o tempo todo, conversávamos, ríamos e o sexo era perfeito!

           Ruborizei nesse momento, pensando na Priscila, com aquela loira gostosa em uma cama... Eu sei! Não presto! Mas o que posso fazer? Queria saber quem resistiria à essa visão do paraíso! Lili sorriu ao ver meu sorriso, sabia o que eu estava pensando, mas continuou contando a história.

- Pois bem. Em um belo dia, Priscila estava lá na loja, me esperando sair pro almoço. Acabei de sair, na calçadas, e trocamos um beijo na boca, felizes em nos vermos. Lucas estava parado encostado na parede e nos viu, eu acho que ele já desconfiava. Foi horrível! Ele começou a gritar e a empurrá-la, colocando-a dentro do carro. Ela gritava com ele também e eles discutiram. Após isso, eu só vi, antes de ele arrancar com o carro, que ele deu um tapa forte no rosto dela.

- Que horror! E então?

- Só sei que no dia seguinte, ela chegou lá na loja com óculos escuros, mas eu sabia que ela tinha apanhado. Veio com a conversa de que não podíamos mais nos ver e todo aquele bla bla bla. Eu perguntei: “Por que vai ficar com ele? Se ele é violento? Largue dele e seja feliz!” E sabe o que ela me respondeu?

- O que?

- “Ele é um homem maravilhoso na maior parte do tempo, só é muito ciumento. Eu sei que fui feliz em encontrá-lo, e não posso deixá-lo partir. Todo mundo tem seus defeitos.” O que eu poderia fazer? Apenas deixei que ela fosse.

- Ah que triste. E como que foi que ela voltou a ir à loja sem problemas?

- Isso foi bastante tempo depois. Ela já estava casada com ele, e após ele ir com ela por algumas semanas, percebeu que conversávamos sem malícia nenhuma e então sossegou.

- Caramba! Foi mais ou menos o que aconteceu com a gente. Ele provavelmente descobriu o que havia entre ela e eu e resolveu acabar novamente com isso. E que conselho você me daria?

- Para cair fora. – tomou mais um gole do drinque que tinha pedido.

- Como? Simples assim?

- Simples assim. Esqueça. Insistindo nisso, só trará problemas pra ela, e pra você.

- Mas... Mas... – eu não conseguia simplesmente desistir.

- Eu não posso lhe impedir de nada, mas você me pediu um conselho. Seria melhor se deixasse essa história para trás. Se quiser tentar, é por sua conta e risco.

- Obrigada, eu vou pensar...

            Ficamos ali conversando sobre outros assuntos, e descobri que Lili podia ser muito divertida, mas eu não conseguia tirar aquele assunto da cabeça. Depois de tomar algo, ela me deixou na porta de casa, e antes de eu descer, ainda disse um “esqueça”. Entrei em casa e fui deitar, pensando, maquinando em uma maneira de mudar o curso das coisas, acabei adormencendo.

            No outro dia na faculdade, de manhã, eu estava esperando na porta da minha sala, olhando as pessoas passarem no corredor, até avistá-la. Ela vinha devagar, e demorou os olhos em mim, não queria passar reto sem dizer nem que um olá. Ficou olhando-a, sem saber direito o que fazer... Seus olhos cruzaram-se com os meus, ela abriu um sorriso sincero e abaixou a cabeça, passando por mim em direção à sua sala.

            Pronto! Ela tinha feito meu dia! Por um momento, eu tinha esquecido todo aquele drama e voltado a ser a garota boba e saltitante que ria sem parar. Logo o resto do pessoal começou a chegar, e eu entrei para a classe. Logo entrou minha professora de lingua portuguesa, dizendo:

- Pessoal, eu tenho uma novidade para vocês. Os professores tiveram uma ideia legal para movimentar um pouco essa faculdade. Criamos um festival de música. Não precisam torcer os narizes, será um torneio intercursos. Que nem teve com o futsal? Pois bem, cada curso formará uma banda, e aquele que conseguir o primeiro lugar, ganhará uma viagem para Porto Seguro, com tudo pago.

            Claro que, dessa maneira, todos ficaram alegres com o torneio. Eu principalmente, já sabia como reconquistar Priscila. Sim, eu disse que não ia desistir! E bem, naquela troca de olhares, eu havia percebido, ela não queria ficar longe de mim. Era muito mais do que simples molecagem, então eu não iria desistir fácil assim.

            Fizemos uma votação dentro da sala, pra ver quem ficava com o que. Eu descobri que a Camila tocava bateria e a Bianca tocava guitarra, e eu, claro, fiquei como vocalista, juntamente com o Pedro, um colega de sala nosso. O outro, o Zé, ficou com o baixo, e algumas meninas foram selecionadas para ser a parte técnica de organização. Saímos da sala, para o intervalo, super empolgadas com o nosso novo projeto dentro da faculdade.

- Ainda bem que eu pedi a minha bateria de aniversário! – comentou Camila.

- Com certeza! Precisamos ensaiar bastante, eu acho que podemos ganhar! – eu disse, distraída.

            De longe, vi que a Priscila me observava. Ela estava perto da cantina, e eu do outro lado do pátio. Sorri para ela, e peguei meu celular, escrevendo a seguinte mensagem:

“Nós vamos participar do concurso de bandas. Estou pensando em fazer algo... Especial, para esse evento. E você, vai participar?”

            Ela olhou para mim, após ler a mensagem, e sorriu maliciosamente junto comigo. Escreveu em seu celular e eu logo recebi a resposta:

“Você é mais esperta do que eu pensava, e eu amo isso. Claro que vou ;)”

            Dei um sorriso sincero. Logo, um aluno da sala dela puxou conversa e sua atenção foi dispersada. Mas eu estava feliz, tinha achado uma maneira, um meio, de comunicar-me com ela, discretamente. Quanto ao marido dela? Eu não tinha certeza. Só precisava saber se ela realmente estava na minha. Se estivesse, eu iria me intrometer.

- O que você está aprontando agora? – perguntou Camila, arrancando o celular da minha mão.

- Nada! Me devolve! – como ela era maior que eu, não conseguia alcançar meu celular. Ela leu a mensagem e me olhou, brava:

- Sara, será possível que você não toma jeito?

- Mas o que eu posso fazer? Eu a amo... – eu abaixei a voz.

            Camila olhou para mim por alguns segundos, provavelmente pensando que eu era uma moleca inconsequente. Por fim, sorriu, balançando a cabeça negativamente. Sabia como eu era, e sabia que eu não ia desistir, essa palavra não existia no meu dicionário. Olhou-me, dando um riso cúmplice, dizendo:

- Se precisar, os ensaios podem ser na minha casa, já que meus pais não ficam o dia inteiro lá. E ah, eu também posso permitir encontros, contanto, que sejam comportados.

- Awn obrigada, obrigada, obrigada! – meus olhos brilhavam e eu comecei a abraçá-la.

Não preciso dizer que todos olharam espantados para mim. Murmurei um “desculpe” e continuei sorrindo. Levantei-me, indo até a cantina, e disfarçadamente, postei-me ao lado de Priscila. Apesar de tudo, ela estava linda! Usava uma roupa simples, jeans e moleton, por causa do friozinho, mas ainda assim. Olhou-me com um sorriso no olhar, okay okay isso é clichê, mas o que posso fazer se o danado do sorriso realmente apareceu no olhar dela?

- Eu sinto sua falta... – sussurrei.

- Eu também sinto a sua. – ela suspirou, com ar pesaroso.

- Awn... Se quiser... Me encontre no banheiro, daqui a dez minutos. – sorri de leve, saindo de perto.
            Eu não queria ver em seu rosto se ela vinha ou não, preferia esperar para ver. Se não viesse, ela não veria meu rosto triste. Andei um pouco pela faculdade, só para despistar, depois entrei no banheiro, e fiquei esperando. Dali a quinze minutos, ela não havia aparecido. É, acho que realmente não queria continuar.

            Encostei-me à pia, com os olhos fechados, tentando não chorar, quando senti suas mãos em volta da minha cintura, seu corpo colado às minhas costas e sua boca em meu ouvido. Sorri, mordendo o lábio inferior. Sua mão desceu entre minhas pernas, entrando pela minha calça jeans, tocando minha pele quente. Ela beijou meu pescoço, dando pequenas mordidas, dizendo:

- Achou que eu não vinha?

- Achei... – gemi baixo.

- Você me faz perder a cabeça... – passou as unhas mais fortemente pelas minhas costas, por baixo da camiseta. – Eu não consigo mais aguentar ficar longe... 

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