Love Game: 18 - A Decisão


Capítulo 18 – A Decisão

             As duas tinham os olhos focados em Jaque, que respirou fundo e olhou de volta para elas. Tomara sua decisão. Pegou o rádio e respondeu:

- Jaqueline falando. Não sei o local exato ainda, estou perdida... – tapou o bocal e disse:

- Resolvam o que irão fazer, rápido. – e saiu pelos fundos da casa, enquanto respondia ao capitão.

             As duas se olharam novamente, ficando por um tempo, caladas. A respiração mais forte, o peito subia e descia com uma sensação estranha no estomago. Finalmente Lola foi a primeira a falar:

- Por que você fugiu? – encarou os olhos azuis. Sally respirou fundo e respondeu:

- Por que eu amo você. Eu sei que ia ganhar o caso, não sou idiota. Mas se eu ganhasse você estaria na rua, sua carreira iria acabar e mesmo que não acabasse, certamente entraria em declínio. E eu não quero isso. Não quero machucar você, mais do que já machuquei. Tive que fazer uma escolha, e fiz, não volto atrás.

Lola ficou quieta, enquanto pensava. Não podia acreditar que a loira realmente havia feito aquilo. Era algo novo e totalmente inesperado. O barulho de carros fora ouvido do lado de fora, não estavam muito longe dali. Precisava tomar uma decisão e sabia disso. Sally chamou-lhe a atenção, dizendo:

- E então Lola? Ou posso te chamar de Paola? Está em suas mãos. Bancar a detetive, fazer seu querido trabalho e me prender agora mesmo, para ganhar uma estrelinha do seu chefe, ou fugir comigo, como aquela aluna destemida que eu conheci um dia, flertando com a professora sem medo, fodendo no banheiro, quebrando as regras, e fazendo com que minha promessa de jamais me apaixonar fosse por água a baixo. A escolha é sua.

            A morena sentiu que seus olhos ficaram úmidos e que um nó formava-se em sua garganta. A resposta em sua cabeça era uma, mas em seu coração era outra. Havia uma enorme batalha dentro dela, seus princípios, tudo o que sempre acreditara contra o que realmente amava. Seria fácil, simplesmente deixar tudo para trás e fugir, mas ela sabia que isso significava esquecer toda a sua vida até aquele momento, antes de conhecer Sally. Sua carreira como policial estaria acabada por um momento, teria que recomeçar lá fora, pois por aqui saberiam que ela estava foragida, se sumisse.

- Lola! – gritou Jaqueline, adentrando a sala novamente.

            Ao perceber que ainda estavam as duas ainda ali, paradas, uma de frente para a outra, Jaque começou a gritar, desesperada:

- Você não se decidiu ainda? O que está fazendo aqui? Enrolei o chefe enquanto pude, eles estão aqui em frente! Vão entrar a qualquer minuto e...

            Entraram pela porta aberta, cinco policiais mais o capitão, que falava:

- Sally você está pre... – não conseguiu acabar a frase ao ver Lola parada ali. Continuou:

- O que você faz aqui? Eu não tinha dito que você estava fora do caso? E, espera, você está com seu distintivo, arma e algemas, e porque raios não a prendeu ainda? – seu rosto estava vermelho.

- Eu, eu... – olhou de um para o outro, ainda sem saber o que fazer. Em menos de um segundo depois, já tinha se decidido.

            Virou-se para Sally, deu um mínimo sorriso e uma piscadela, voltou-se novamente para o capitão, dizendo:

- Eu ia prendê-la quando vocês entraram, acabei de chegar aqui. Vinha vindo com Jaqueline, nos perdemos e vocês entraram em contato.

- E por que ela não disse que estava com você? – perguntou o capitão, desconfiado.

- Porque eu não queria comprometer a Lola. – Jaque respondeu rapidamente. – Ela mesma queria prender a Sally, e eu não a mencionei porque sabia que ela estava fora do caso. Ela me pediu para prender a Sally, depois de tudo o que a outra fez para ela.

            O capitão olhou de uma para a outra, Lola tinha o rosto muito sério como se confirmasse tudo o que sua parceira dissera. Ele ainda estava desconfiado, conhecia Lola o suficiente para ter essa desconfiança. Por fim, disse:

- Ok. Prenda-a.

            Lola confirmou com um aceno de cabeça. Pegou suas algemas e virou-se para a loira, que sem espernear nem nada, apenas deixou-se ser algemada. Tentou conter um riso quando percebeu que Lola não havia prendido as algemas de verdade. Começou a fingir também.

- Eu confiei em você. Desde o começo. E você me desapontou, Lola. – disse a loira. Lola aproximou-se dela, sussurrando:

- Sim, Lola te desapontou. Não Paola. – sorriu e voltou a sua posição, fechando a cara.

- Eu vou levá-la para os fundos. Vigiem a frente para que ela não possa fugir por aí.

            O capitão mandou que todos saíssem da casa, esperando perto de seus carros. Quando todos saíram, Lola sorriu, soltando a outra:

- Eu fiz a minha escolha.

            Sally abriu um enorme sorriso e pulou nos braços da morena, beijando-lhe os lábios, com lágrimas descendo de seus olhos azuis. Estava extremamente feliz. Jaqueline fez um barulho com a garganta:

- Hey, vocês têm que fugir, lembra?

            As duas começaram a rir e correram para os fundos. No quarto havia uma grande janela, que estava aberta. Sally pulou a janela, antes de Lola pular, olhou para Jaque, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas. Abraçou a amiga, dizendo:

- Sentirei sua falta, sabe disso não sabe?

- Também sentirei sua falta, agora vai! – Jaque sorriu, limpando as lágrimas que insistiam em querer cair.

            Lola pulou com facilidade a janela, acenou para Jaque e saiu correndo com Sally. O ponto era: o carro da morena tinha ficado à algumas quadras de distância, bem poucas. Era só pegar o carro e fugir, para onde? Não sabiam, mas não importava. Só que estavam felizes. Tudo estava acabado. Ou, era o que achavam...

- Chefe, elas estão fugindo! – elas ouviram um dos guardas gritar.

            Antes que tivessem tempo de raciocinar, o som surdo da bala zunindo através do tempo e do espaço fora ouvido.

Nenhum comentário

Postar um comentário

Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger