História - Falling Star


História – Falling Star

Sinopse: Todos os dias eu pegava aquele ônibus, esperando encontrar Fabiana. Todos os dias eu descobria mais coisas sobre ela. Todos os dias ela ia aos poucos me ganhando. Todos os dias ela fazia com que eu apaixonasse um pouco mais. Todos os dias ela me mostrava que, enquanto eu procurava pela minha lua no céu brilhante, ela foi minha estrela cadente. Será que atenderia o meu pedido?

Essa é uma história continuação do conto "O Banco Vazio". Caso ainda não tenha lido, leia para poder entender melhor a história.

Capítulo 01 - Empregos

            As ruas passavam rápidas pela janela embaçada do ônibus, enquanto a ansiedade crescia dentro de mim. Eu nunca gostei de levantar cedo, mas acordar quando o sol levantava já havia se tornado um hábito desde a primeira vez que conheci Fabiana. Suspirei, tentando me conter, cruzando os braços em frente ao peito. Ela poderia nem aparecer... Poderia não trabalhar... Na real, eu passei a noite toda rolando na cama achando que ela só tinha dito aquilo para me iludir.

“— Nos vemos amanha? – sorriu.”

            Cada minuto que passava, a cada parada, meu coração dava um pulo, e meus olhos esquadrinhavam a entrada do ônibus, mas nada dela. Comecei a me sentir uma idiota, é claro que ela não viria. Era bom demais para ser verdade. Ok tinha sido divertido, a moça tinha achado graça, tinha gostado, rimos e nos cumprimentamos no dia anterior, mas nada mais sairia daquilo. Foi apenas um momento passageiro. Com os braços cruzados, encostei a cabeça no vidro, amuada. Meu mau humor dava sinais de estar voltando, ainda mais por que eu achava que tinha sido feito de idiota.

— E não é que o banco não está vazio? – levei um susto com a voz que se materializou em minha frente. Olhei, com os olhos arregalados, para dar de cara com os verdes me encarando, e um sorriso zombeteiro no rosto.

            Fabiana sentou-se ao meu lado, ainda rindo, cruzou as pernas, olhou para mim, e enfim disse:

— Quer dizer que quer sentar ao meu lado só pra ficar emburrada em paz no fundo do ônibus?

— N-não, imagina! – desfiz tão rápido o meu bico que ela começou a rir. — Eu só... É... Eu... – comecei a gesticular e eu tinha a noção de que estava sendo ridícula. Fui ficando nervosa e comecei a gaguejar. — ARGH! – desisti, frustrada, o que arrancou uma gargalhada dela.

— Calma, menina, não se afobe. Depois do que aconteceu ontem, acho que nada mais pode mudar a minha impressão sobre você.

            Por um segundo, eu quase parei de respirar até. Fiquei olhando-a assustada, achando que ela pudesse ter tido uma impressão péssima sobre mim, e isso não iria mudar. Muito bem Babi, que inteligente que você é! Mas para a minha surpresa, ela continuou a rir, balançando a cabeça. E então eu entendi; se ela estivesse realmente brava, ou tivesse me achado tão besta assim, não estaria ali falando comigo. Sorri mais relaxada, enquanto finalmente me dava um tempo para prestar atenção nela. Seu cabelo estava novamente preso em um rabo de cavalo, que caia pelo ombro; ela vestia uma calça jeans justa, tênis, uma blusa vermelha de frio, e brincos de argola.

— Você sempre acorda de bom humor assim? – perguntei, desconfiada.

— E você sempre acorda de mau humor ou foi só hoje? – ela devolveu, afiada.

— Nossa! Essa doeu! – ri sem graça, ainda tentando me acostumar com a situação.

— Respondendo a sua pergunta, sim, geralmente eu acordo de bom humor pela manhã.

— É que sempre te via aqui dormindo...

— Eu durmo por que não tenho com quem conversar. Se eu tivesse, não dormiria.

— Ah sim... E sim, eu sou mal humorada quando acordo. Sempre fui...

— Mas quando eu lhe via você não estava de mau humor... – ela sorriu, estreitando os olhos verdes.

— Digamos que meu humor matinal tenha mudado por alguns motivos irrelevantes...

— Sei... – ela sorriu.

            Por um momento, ficamos em silêncio. Achei incrível que estivéssemos conversando tanto para um primeiro dia depois do “acidente”. A conversa estava fluindo, ainda que não fosse exatamente sobre alguma coisa em específico, não estávamos desconfortáveis. Ou, era o que eu achava... É, por que depois disso ficamos em silêncio e nenhuma de nós falou por um tempo... Eu sabia que não iria tardar para ela descer no ponto dela, e não queria que ela fosse, de verdade.

— Então, o que faz da vida? – ela me perguntou de repente.

— Eu trabalho em uma loja de departamentos, sou secretária. E você?

— Trabalho em uma firma de advocacia. – olhei-a surpresa, e foi inevitável não olhá-la dos pés a cabeça. — Se você acha que trabalho vestida assim, não poderia estar mais enganada. Eu tenho uma troca de roupa no escritório, só não gosto de sair as sete e meia da manhã vestida de saia e salto alto.

            Fiquei vermelha, sem saber onde enfiar a cara! Poutz, eu sou um gênio, né? Ainda por cima ofendi a mulher! Ah céus, me dê jeito! Para piorar, ela deu um daqueles sorrisos dela. Eu juro que foi um ato impensado!

— Ah, me desculpe, que indiscreta eu! É só que... Estamos acostumados a ver advogados sempre de terno, ou blazer, saia salto alto, etc...

— Sem problemas, eu sei disso. Você não é a primeira pessoa que faz essa pergunta...

— Que bom! – meu alívio era visível.

— Sim... Infelizmente, meu ponto é o próximo. – ela comunicou já se endireitando no banco.

— Que pena... – e realmente era uma pena.

— Concordo, é realmente muito melhor ficar aqui conversando com você do que dormir. – ela sorriu sapeca, piscando para mim.

            Meu Deus! Meu coração parou de bater por um segundo, ela estava realmente flertando comigo, é isso? O que eu fiz? Eu sorri, ué, vou fazer o quê? Só tentei não desmaiar e não ficar com cara de boba, mas esse último não adiantou muito...

— Com certeza, eu sou ótima de conversa!

— Não pareceu muito quando eu cheguei...

— Releve o meu mau humor, é só enquanto você não chega... – ai não, eu não disse isso!

— Oh, é mesmo? – ela sorriu novamente, levantando uma sobrancelha, provocando-me. Eu e minha boca grande. — Bem, eu tenho que ir. – ela se levantou. — Amanhã nos falamos. – aproximou-se de mim e deu um beijo estalado em meu rosto.

— Vou esperar... – eu sorri boba.

            Ela olhou-me nos olhos durante alguns segundos, sorriu, virou-se de costas e foi se afastando, segurando-se no poste, esperando o ônibus parar. Quando ele o fez, ela sorriu mais uma vez pra mim e desceu. Eu fiquei olhando para a porta se fechar durante alguns segundos. Ainda não podia acreditar no que havia acontecido, em toda a minha conversa com ela. Ok, não tinha sido tanta coisa assim, mas eu já sabia que ela era advogada. Já sabia que ela acordava de bom humor... Isso é bastante coisa se parar pra pensar.

            Encostei-me mais ao encosto do banco, e eu ainda podia sentir o perfume dela dançando no ar ao meu redor. Era um cheiro doce, mas não enjoativo... Era leve... Mas marcante. Comecei a imaginar... Sobre como era o seu trabalho, o seu sorriso, o que ela fazia, seu estado civil... POUTZ! Seu estado civil! Seria casada? Oh Deus, não! Namorava? Noiva? Enrolada? Solteira? E... Ai nem quero pensar, mas e se ela não fosse lésbica? Nem mesmo bi curiosa? Lascou-se! Só me faltava essa, será que eu estaria imaginando coisas então, e ela só era legal comigo, simpática? Já disse, eu não sou psicopata ou stalker ou nada do tipo. Só tenho uma grande imaginação...

            Antes que eu perdesse o ponto de novo, levantei-me e fiquei perto da porta. Quando esta se abriu e o ônibus parou, desci. Do ponto até o prédio da loja eram três quarteirões, os quais percorri como se andasse nas nuvens. Eu trabalhava das oito e quinze até ao meio dia, e depois da uma e meia até às seis da tarde. Não era um trabalho ruim, e até que eu gostava, pois acabava tendo contato com várias pessoas durante o dia.
Não havia muitas novidades sobre o meu emprego: eu trabalhava de secretária, tinha duas colegas que geralmente dividia conversas, o lanche e ás vezes a carona no fim do dia, um chefe meio chato, exigente, e um gerente que nunca aparecia.


            Naquele dia eu cheguei a casa, peguei um pedaço de pizza fria da geladeira, um resto de coca-cola que estava por lá, e fui correndo para a sala. Coloquei um DVD pra assistir, e nem preciso dizer de quem era, não é? Lógico que da linda, maravilhosa Angelina Jolie! Escolhi “Senhor e Senhora Smith” pelo simples fato de que ela está elegante, linda de morrer e ainda por cima é uma assassina profissional no filme. Depois de comer, fiquei sentada no sofá admirando a Jolie e pensando na Fabiana... Sabe aquela sensação adolescente que você tem de querer fechar os olhos e quando abrir, puff, já é de dia? Pois bem, eu estava assim. A ansiedade não ajudava em nada, mas com muito custo consegui passar o resto do dia, arrumando a casa, cantarolando, conversando com meus amigos pelo telefone... até finalmente babar no travesseiro assistindo o filme que passava na TV aberta depois das onze da noite. 

2 comentários

  1. Oh my God!!!! Que perfeito! Amei esse texto, muito bom, ri demais!
    Continuaaaa...!!! By: Giggle

    ResponderExcluir
  2. heeey! já tinha te falado, mas prometi que passaria aqui pra deixar a marca no blog...muito boa a história, adorei! continue :p

    ResponderExcluir

Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger