Dança Comigo



Querida, por que você tem que complicar tudo?
Esquece sua dor por um minuto e venha comigo.
Prometo lhe dar uma noite inteira assim de bobeira,
Dançando jazz, ouvindo blues, tomando um vinho...

Encaixa seu corpo no meu, querida, sente o movimento.
Entrelaça seus braços em meu pescoço e me beija,
Deixa eu lhe guiar no palco dessa vida noturna,
E lhe fazer minha guitarra dedilhando-lhe com meus dedos.

Vem aqui, querida, por que essa cara de brava?
Não faz bico, que eu me desmancho inteira em ternura.
Senta aqui e me conta o que lhe aflige o coraçãozinho.
Prometo escutar e cuidar da menina mais linda do salão.

Está frio lá fora, está frio aqui dentro. Meu coração chora, transborda minhas dores e mágoas. Já não consigo segurar as lágrimas. O ar a minha volta está tão vazio, mas aqui dentro está tão cheio... Já não me aguento mais. A solidão aperta o peito. Querida amiga, sempre lhe tentei manter afastada, longe de mim, mas é a única que não consegue me deixar. Meus olhos vazios miram o céu, que começa a escurecer, tornando-se cinza, para combinar com meu humor. Não há ninguém, nunca houve ninguém. Tentei segurar as pessoas, fazê-las ficar ao meu lado, mas não é assim que funciona... No começo elas ficavam... Mas quando começavam a me conhecer de verdade, não me aguentavam. Pediam espaço... E tudo o que eu queria era alguém para ficar. Assustados, debatiam-se pedindo passagem, doidos para voar, livrar-se das correntes que se tornaram meus braços e abraços. E eu, eu implorava para que ficassem. Não me deixem sozinha, fiquem... Eu tenho medo do escuro. Mas eles não enxergavam minha solidão, apenas minhas palavras distorcidas. Seria eu louca? Se perguntassem para eles, talvez diriam que sim... Fazendo-me de vítima, quando era uma insana obsessiva. Talvez, talvez eu deva permanecer sozinha para não machucar ninguém. Não ferir ninguém. Não prender ninguém. É injusto... Injusto ter que me segurar e me trancafiar e que ninguém me pergunte verdadeiramente como eu estou. É injusto que ninguém se importe. É injusto que ninguém se arrisque por mim, que ninguém me escolha. É injusto estar rodeada de pessoas e me sentindo completamente só. É injusto eu saber que mereço alguém legal, e que não há ninguém para mim. Ninguém me escolhe. Eu sou uma opção, mas uma opção que todos preferem ignorar. Não se arriscar. É injusto pois sei do meu potencial, e me vejo grande... E no fim, no fim eu não sou ninguém. No fim eu sou apenas essa garota perdida e excessiva. Quem quer alguém extravagante? Quem quer alguém ciumento, chato, obsessivo, falante e insistente? Quem quer alguém que põe os outros antes de si mesmo? Quem quer alguém que tenta sempre ser o centro das atenções? Quem quer alguém egoísta? Quem me quer? Ninguém. Essa sempre foi e sempre será a resposta. Eu juro que tento acreditar no contrário, mas a cada ano que passa, isso não muda. As ilusões são as mesmas e o coração já está cansado de tantos machucados. Fico pensando se não vão ler e me dizer que me faço de vítima, que eles estão lá por mim sim e eu que não reconheço. Eu que não confio. É... Vê? Ainda penso nos outros, quando eu tenho o direito de me sentir triste, chateada, quebrada, sozinha, magoada. E eu só queria que alguém me abraçasse e dissesse que tudo vai ficar bem. Eu só queria saber que quando eu chorar, gritar, e estiver enlouquecendo na dor, alguém iria me segurar, abraçar e me deixar chorar. Confortar. E dizer que tudo ia acabar. Melhorar. Mas no fim do dia não há ninguém, apenas eu mesma e Deus. Minha fé está aqui, apesar de tudo, mas seria demais pedir alguém? Seria demais? É... Talvez seja. Não há ninguém.

Eu quero você.


Eu quero você. É tão simples, não é? Eu quero você. Consegue me ouvir? Eu quero você. Aqui. Agora. Urgente. Consegue sentir? Eu quero. Eu mando. Se fosse simples assim... Você, especialmente você, sabe que eu não mando em nada, eu apenas obedeço, mas me concede um pedido? Passa essa noite comigo. E amanhã à noite. E na outra noite. Eu quero você, é, vou repetir. Será que você pode me ouvir agora? Eu quero você em minha cama, espreguiçando-se nos lençóis brancos, esfregando-se e ronronando, e me olhando desse jeito. Eu quero minhas mãos deslizando pelo seu corpo quente e macio, enquanto eu a observo. Sabe que eu gosto disso, não sabe? Quero me aproximar do seu ouvido, meu corpo colado ao seu, mordiscar o lóbulo da sua orelha e sussurrar: "Dança para mim, minha linda. Dança para mim..." E ao sentir seu corpo se mexer embaixo do meu, repetir "Dança... Rebola pra mim... Só pra mim..." Eu quero morder você. Assim, devagar... Pedaço por pedaço, devorá-la inteira. Eu quero sentir seu gosto... Por favor...
A calmaria em que meu corpo se molda,
Mal esconde o caos trancafiado aqui dentro.
Anseio por libertar essa língua afiada em veneno,
Destilando dores e se afogando em sabores,
Como eu outrora costumava fazer.
Se eu pudesse cantarolar minha dor,
Transformá-la em canção-torpor...
Mas da minha garganta só sai um riso frouxo,
Um grito rouco arranhando o desespero.
Mas caso o fizesse, eu deixaria uma trilha
De respingos de sangue e lágrimas,
Pois não há como controlar o dano colateral.
Iria lhe ferir, doce pássaro, o que eu jurei não fazer.
Desde que aceitei esse caminho, preciso me conter.
Mal nenhum eu hei de fazer, pois só o bem-querer.
Então agora, me resposta: O que fazer

Com a tempestade que se acumula em meu ser?

Imagens Que Contam Histórias 28


Música: I Don't Dance - Lee Brice 
(https://www.youtube.com/watch?v=fBEBbgQEJy4)

Respirou fundo algumas vezes, tentando se acalmar, enquanto se preparava para subir no palco. Onde ela estava com a cabeça quando inventou aquilo? Claramente não estava em cima do pescoço! Respirou novamente uma, duas vezes, como se o nervosismo que embrulhava seu estômago pudesse desaparecer. Olhou da onde estava para a multidão que curtia o show de talentos da escola. Tantos adolescentes pulando enlouquecidos com o som de rock que rolava. Provavelmente achariam brega o que ela tinha para dizer? Talvez... Mas estava decidida a tentar, pois desde o dia em que a conheceu sua vida inteira mudou. Esperou que os meninos do terceiro ano acabassem de tocar, e enquanto se despediam jogando beijos e piscadelas, ela fechou os olhos brevemente, reunindo coragem. Era agora ou nunca. Chamou sua amiga, que carregava um violão, e ambas subiram no palco. A plateia ficou o mais quieta possível para jovens daquela idade. Todos estavam curiosos, e alguns até externaram seu pensamento gritando o que ela iria cantar. Morrendo de vergonha, ela escaneou a multidão com os olhos castanhos até achar quem ela queria. Seus olhos se fixaram nos verdes, e ela poderia jurar que a loira prendia a respiração ao vê-la ali em cima. Sorriu, e tentou de uma vez deixar de lado seu nervosismo.

Indomável


Eu escolhi o cabelo vermelho, ou ele me escolheu? Quem sabe de fato o que aconteceu, mas de qualquer forma, foi ele que combinou melhor com minha personalidade. Cor forte, cor do fogo, cor do amor. E eu sou assim, forte. Extrema. Difícil não me ver, especialmente quando eu faço de tudo para que me vejam. Eu não vou me calar. Eu não vou me esconder. Eu não vou desistir. Por algum tempo andei perdida entre os tantos caminhos que a vida oferece. Esqueci-me de mim mesma, e até as palavras me faltaram. Como!? Eu também me fiz essa pergunta tantas e tantas vezes... Estava entrando em desespero, sem poder externar meus sentimentos, tentando trancafiá-los em uma caixinha para depois enterrá-la bem fundo. Talvez quem sabe nunca mais mexer ali, deixar passar. Como eu poderia fazer isso? Onde eu estava com a cabeça? Não sobrevivo de meias verdades, meios sentimentos, meias tristezas, meios amores. É tudo ou nada. Pegar ou lagar. Chorar ou sorrir. Gritar ou silenciar. E eu grito. Eu grito! Eu GRITO! Consegue me ouvir? Não? Pois eu vou gritar até o planeta inteiro me ouvir! Não consegue me ver? Pois eu vou pular e pular e pular até aprender a voar. E eu vou voar! Sabe por quê? Porque gaiola nenhuma jamais vai me prender. Ninguém me prende! Ninguém me doma! Eu sou indomável, cavalo selvagem correndo pela floresta. Águia selvagem voando pelo céu, sem limite. Eu vou sentir o sol em minha pele, eu vou rir até chorar. Peguei a chave e abri um por um, soltando todos os meus sentimentos. Desamarrando minhas mãos. Vou chorar, vou sentir raiva, vou gritar, vou rir, vou sorrir, vou enlouquecer. Eu vou fazer o que eu quiser! Estou aprendendo a me reencontrar, voltar a ser quem eu sou. E quem quiser vir comigo, vai ter que me aceitar como sou. E ficar ao meu lado sem medo. Eu sou assim. Extravagante. Eu sou assim. Extrema. Eu vou assim. E eu amo ser assim! Eu vou falar alto, eu vou dançar o quanto eu quiser, eu vou amar e vou tentar e eu vou porque eu vou porque eu vou. Eu sou livre! Eu gosto de ser livre, e ninguém vai me prender. Jamais. Eu não vou permitir. Mas vou me permitir sentir o que quiser, falar o que quiser, e fazer o que eu quiser. Eu sou dona de mim mesma, e não preciso ser domada. Com Deus guiando meu caminho, eu escolho o meu destino. 

Gostaria eu de poder abrir minhas veias e retirar à força o que eu preciso escrever... Esse não escrever está me sufocando aos poucos. Essa falta de emoção, de choro, de raiva, de amor... Está me matando aos poucos de tédio. Ainda se fosse de solidão, daria uma bela canção. Mas nem mesmo isso me restou.

A Menina dos Óculos Vermelhos


Crônica: A Menina dos Óculos Vermelhos
Nota; Feliz aniversário, Aly! Espero que goste desse singelo presente. 
Escrevi escutando "You're Beautiful" do James Blunt.
ps: na imagem o óculos não é vermelho :/ mas eu não achei outro que eu gostasse e combinasse, e eu gostei do título e também achei que não deveria trocá-lo.

Era um dia comum, ensolarado, e ventava um pouco. Eu estava sentada em um daqueles bancos de madeira da faculdade, esperando... O quê? Não sei, alguma coisa, qualquer coisa. Eu apenas esperava... Que algo mudasse, acontecesse. Talvez alguém caísse. Talvez o céu se abrisse. Talvez alguém me chamasse... Mas nada estava acontecendo. Era um dia comum. E como sempre, lá estava eu sozinha observando as pessoas que passavam por mim. Uma brisa bagunçou meus cabelos, fazendo com que caíssem em meus olhos. Quando consegui me livrar dos fios, prendendo-os atrás da orelha, aconteceu. Eu a vi. Ela vinha em minha direção, eu não a conhecia, era óbvio que ela não iria falar comigo. Era óbvio que ela nunca tinha me visto na vida, e assim sendo, uma garota como ela não daria bola para uma estranha tão comum e tão solitária. Os seus cabelos escuros estavam compridos, e balançavam com o vento. Ela usava uns óculos vermelhos, e eles emolduravam seu sorriso. Era um sorriso tão lindo! Usava um jaleco branco por cima do vestido azul claro. Ela vinha com algumas amigas, e eu fiquei meio sem jeito, mas ainda assim a observava. Ela ria do que elas falavam, mas de vez em quando olhava em minha direção. Ia se aproximando... Aproximando... E eu ainda imaginava que ela fosse passar reto. A poucos passos do meu banco ela parou, despediu-se das amigas, sorriu mais um pouco, e enquanto elas saíam ela virou-se para mim, ainda sorrindo, e deu os passos finais até chegar a mim.

Shhhhhh

Pensa errado, sabe que é errado, mas quer fazer.
A vontade subindo pelo corpo dando coçeira.
Olha para um lado, olha para o outro,
E pensando que ninguém está olhando,
Pede segredo: shhhhh!
Dessa forma ninguém vê, ninguém sabe.
Se ninguém sabe, nada aconteceu.
Pobre menina, mal sabe ela
Que seu segredo mal guardado
Fez ferida no coração seu.

Imagens Que Contam Histórias 27


(*essa é uma foto reprodução de um quadro pintado pelo Bueno*)

Essa história não é sobre o amor, ou sobre como duas pessoas apaixonadas trocam carícias e beijos ardentes na noite abençoada de Paris. Essa história não é sobre um casal que se viu pela primeira vez, e teve seus corações arrebatados pelo cupido da paixão. Essa história também não é sobre amantes antigos que se reencontram após anos e anos de separação, e se reconectam com um beijo ardente cheio de saudade. Não... Apesar de o foco ser esses dois enamorados em primeiro plano, cheios de amor para dar, embaixo de um céu estrelado e chuvoso de Paris, essa história é sobre aquela garota. É, aquela ali atrás óh, que você mal vê, mal enxerga. Essa história é sobre mim, e eu sou aquela garota. Pois pra mim não há esse amor fácil, não há essa magia em Paris e nem a chuva com gosto de beijo. Pra mim, as ruas estão cheias de poças e a chuva gela meus ossos e eu mal posso me esconder dentro do guarda-chuva. Para mim, as luzes de Paris servem apenas como iluminação para que eu veja o caminho e não seja assaltada no escuro. Pra mim, Paris não significa nada, apenas uma cidade que me acolheu para que eu tivesse onde morar. Eu não sou a escolhida, eu nunca fui a escolhida, e saber disso dói. Mas a chuva me protege e eu finjo que meu pranto é só reflexo das gotas finas de novembro. Para mim, não há magia, não há amor, não há ninguém especial. Aliás, houveram... Eu é que não fui especial para ninguém. Não a ponto de ser escolhida para uma história de romance como casal principal se beijando em Paris. Não... E se fosse um conto de fadas, poderia dizer que a história deles acaba aqui, com um final feliz e uma vida inteira de casal pela frente, aprendendo a lidar um com o outro. Para mim, a vida não tem fim. Minha sina não acaba aqui, não sei se feliz ou infelizmente. Para mim eu tenho que aprender a lidar comigo mesma e com minha solidão pelo resto da vida. E vamos andando, apertando o passo, porque já é tarde e vou perder o ônibus.


Imagens Que Contam Histórias 26


Você é única. Você é especial. Você é você, e ninguém mais. Você, e só você, tem a chave para a minha alma. Você me tocou, e me obrigou a olhar em seus olhos. Obrigou-me a ver a sua alma refletida nas íris cor de chocolate. Seus dedos queimaram-me o rosto, como um tapa levado e jamais esquecido. A vermelhidão sumiu com o tempo, mas a ardência permaneceu. Você me transformou. Antigamente, não havia nada, tudo estava em formação. Você é teimosa. Você insistiu em cruzar meu caminho antes do tempo. E dessa forma, você me moldou. Seus dedos, ao me tocarem, misturaram-se em mim. O chocolate e o leite sendo misturados e batidos dentro de um mesmo recipiente. Exatamente, batidos. Fundidos. Você me fundiu em você. Ou melhor, você se fundiu em mim. Nada havia aqui antes de você. Mas seus olhos... Nunca houve conexão tão instantânea, seus olhos se conectaram aos meus, nossas almas se reconheceram, e você plantou morada em meu coração. A garota se transformou. O caminho foi traçado. E o nosso destino, profetizado. Em minhas veias já não havia sangue: apenas tinta. Tinta negra escorrendo em abundância, implorando para ser usada, abusada, rabiscada. Como negar o que foi me dado com tanta veemência? E então eu escrevi. Escrevi, e escrevi e escrevi. Páginas e páginas de rabiscos, palavras, pinturas, desenhos, escrituras. Seus olhos me ditavam o que escrever. Seu coração em sintonia com meu batimento cardíaco. Fiz-me costureira e vesti-me com meu escrito. E então, como em um passe de mágica, seus olhos ficaram secos. Seus cabelos cor de fogo perderam a cor, suas folhas murcharam. E a conexão foi desfeita. Perdida, continuei tentando reproduzir o nosso sentimento do que eu me lembrava, mas com o tempo tudo foi se perdendo no tempo e espaço, e a falta de memória me consumia dia após dia. Cansada, desesperada, enraivecida, rasguei todos os rascunhos de dias melhores que eu guardara para lhe mostrar. Joguei-os no lixo. E na falta do papel, deixei que a pena penetrasse em minha carne e escrevesse em minha pele aquilo que me faltava. Como se assim eu pudesse repor a parte que me faltava: você. A tinta escorria pelo chão, manchando tudo de negro, exatamente como minha alma. Exatamente como meu caminho. A sala escura. Sem luz. Eu esperei, por tanto tempo esperei... E um dia, você voltou. Seus olhos se conectaram aos meus, trazendo-me vida. Fogo. Você ardia e irradiava luz pela sala. A tinta em meu corpo reagindo ao seu toque divino. Trazendo-me à vida. Mas algo faltava... Faltava... Olhei dentro de seus olhos, das íris cor de chocolate, procurando desesperadamente pela tua alma, mas não encontrei. Não estava ali. Você não estava ali. Seus olhos, ligados aos meus, não me deixavam partir, mas você também não desejara ficar. Sem tua alma, a conexão jamais se completaria. Eu jamais escreveria. E nós jamais nos amaríamos. Foi então que eu entendi: você é minha musa. Você, somente você. É sempre você. Sempre será você. E me rasga o peito, pois você não está aqui. E me rasga a memória, porque você não deixou que eu lhe visse. E me rasga a pele, pois a tinta começa a secar no chão fresco, e logo não haverá mais a fonte de onde ela possa jorrar.

Você nasceu para voar!


Vem aqui, pequena, vamos tomar um café. Senta aqui na varanda comigo, relaxa. Sente o vento batendo no rosto, observa os pássaros na pequena jabuticabeira que eu mal consigo cuidar. Que foi, pequena? Você olha para mim como se eu fosse um alienígena, e talvez eu seja. Não faz essa cara, não faz beicinho, eu não suporto lhe ver chorar. Chega mais, coloca a cabeça no meu ombro, assim. Fica triste não que tudo dá-se um jeito. Você me pergunta com esses seus olhos castanhos por quê eu te chamo de pequena. Você olha para mim como se implorasse para que eu parasse de te escrever. Desculpa, pequena, isso não vai acontecer. Sabe... Sabe por que lhe chamo de pequena? Porque eu cuido de você. Não importa o que aconteça, eu vou cuidar de você. És minha pequena, ainda que do tamanho do universo e com o brilho das estrelas. Você é real, pequena. Você não é aquela que eu almejo, mas que nunca irá olhar pra mim. Você não é intocável. Eu já toquei, já senti, já experimentei. Você é minha, pequena, mas eu não sou sua. Não, não se culpe, por favor. São fatos aleatórios da vida, do universo, de Deus... Vai saber. Mas o fato é que poderia ser, mas não o é. Por isso, pequena, eu escrevo.

Mudança


Olho as caixas de papelão separadas a minha frente. Está na hora de começar! Com um suspiro, levanto-me do chão e dou uma olhada geral na casa bagunçada. Minhas coisas estão espalhadas por todos os cantos... Eu nunca fui muito bem organizada, não é mesmo? Começo recolhendo minhas roupas, mas não as dobro, jogo todas emboladas em uma caixa vazia. Não quero perder tempo com isso. Vou juntando os pares de sapatos, um em cada canto, deixando-os todos juntos, colocando-os em sacolas e depois em outra caixa. Passo na cozinha e pego minha coleção de chícaras, deixando apenas uma, para tomar café contigo casualmente. Coloco-as todas embrulhadas em jornal dentro de outra caixa, assim como as tampas e frigideiras que eu tenho. Vou ao banheiro, pego minha escova de dentes, meus remédios de ansiedade e pente. Não há muita coisa, nunca fui garota de cremes. Volto à sala, recolho os bibelôs, os CDs que estavam espalhados pelo rack, as caixas de série que tanto te incomodavam. Recolho meus livros... Esses são tantos! Precisarei de mais caixas... Pelo menos junto-os no canto para que não atrapalhe, prometo voltar para buscá-los. Separo cinco que acho que vai gostar para deixar contigo. Finalmente volto ao quarto. Paro, olho a cama arrumada, sorrio com um suspiro. Olho o porta-retratos na mesinha de cabeceira.

Vem viver comigo?


Eu quero te dar o mundo, pequena. Isso é normal? Talvez não seja... Mas quem disse que eu já fui normal um dia? Eu quero dividir meus momentos com você. Quero dividir minha garrafa de coca-cola, o pedaço de chocolate que estava perdido no armário, metade do sofá enquanto assistimos ao filme. Quero dividir minha pipoca. Dividir o frio que sinto deitada na rede com você. Quero dividir os momentos de dor, e quando suas lágrimas não pararem de cair, quero secar seu rosto. Quero dividir o peso do mundo. Assim, ele não será mais pesado. Às vezes me pergunto se não estou errada... Já me disseram que quem dá muito, pouco recebe. É verdade, até. Mas eu me sinto feliz assim. Ver o sorriso no seu rosto iluminando tudo a sua volta, me faz sorrir. Eu quero te ver feliz, pequena. Eu sei do seu potencial. Você vai ganhar o mundo, meu amor. E não se desespere, eu sei muito bem o lugar onde devo ficar. Aqui, ao seu lado. Você vai encontrar sua alma gêmea, e eu vou estar lá para aprovar se ela é boa pra você ou não. Você queria tanto, mas tanto, mas tanto alguém que fosse sua outra metade. E eu apareci. Talvez não seja a melhor metade. Talvez eu seja sua metade invertida, tão diferente e ao mesmo tempo tão igual a você. Mas essa é a graça.

Remetente n° 15

Lançamento oficial projeto

Remetente n° 15

Um investigador encontra 14 cartas que foram escritas como resposta a um anúncio misterioso. Uma coisa em comum entre as cartas: Todos os remetentes desapareceram. A cada carta, segredos, paixões, alucinações e crimes, vão sendo revelados. A cada carta, um novo autor para te surpreender. Reserve seu exemplar e descubra quem é Remetente N15!
Autores (por ordem de capítulo no livro)
Guiller Cruz, Luiz Cabral Inácio, Samantha Tiger, Ben Oliveira, Heller de Paula, Paulo Sergio, Guilherme Oli, Anna, Andre Gabeh, Paulo Sérgio Moraes e Felipe Souza Pedrosa.
Desenhos: Cyntia Fernandes
Reserve o seu e acompanhe conosco a produção desse projeto que está chegando pra te impressionar!
Já li que ser poeta é enfiar o dedo na garganta, forçar sair tudo aquilo que te encanta e que lhe embrulha o estômago. Fui tentar a façanha, mas não sou poeta, e quando o fiz, nada saiu. Nem as entranhas, nem o vômito, nem o sangue. Nada. Apenas uma triste lágrima rolando pela face. Amar você é isso. Não é alegria, não é dor. É apenas uma lágrima triste.

O Café Abandonado


Levantou-se, colocou o roupão, calçou os chinelos, e foi ao banheiro. Depois, rumou à cozinha, coçando os cabelos castanhos, os olhos incomodados com a luz do dia, a boca seca. Em cima da mesa a caneca de café intocada. Estava frio, como todo o resto. Não mexeu nela. Fez um novo café, colocou em uma xícara de porcelana que estava no armário, e se encostou nas enormes portas. Em pensar que na manhã do dia anterior tudo fora diferente, estivera... Cheio. Quente. E agora, estava tudo frio. Vazio. Solitário. Dividira seu café com ele, sua cama aconchegante, um lugar em seu armário abarrotado. Torcera com ele nas noites de quarta-feira, aliás, contra ele. Era são-paulina, e ele? Corintiano roxo. Sorriu com o pensamento. Mas decidiu que não veria mais futebol. Olhou a sua volta, aquele azul horrível cobrindo as paredes, e em quantas vezes ele lhe pedira que pintasse de uma cor mais alegre. Agradeceu sua teimosia, talvez se as paredes fossem laranjas, vermelhas ou verdes, ela não aguentaria olhar para elas agora. O azul era dela, do modo como queria, e era ela que iria ficar ali, afinal, enquanto ele iria embora, como tantos outros. Logo ele, que sempre jurara que sua escova de dente azul nunca se dera tão bem com outra escova de dente azul, e que elas deveriam casar, mesmo sendo ambas azuis, e mesmo que as outras escovas implicassem. Logo ele, que a acompanhava nos copos de cerveja e nas conversas intermináveis de madrugada sobre filosofia. Logo ele, tão sabido, tão ele, havia se tornado tão nada, tão ninguém. Aliás, era o contrário.
Sou errante, nasci com defeito, 
Não tem onde eu me encaixo direito.
Não preciso de peça certa ou perfeita,
Mas de uma que se encaixe em mim,
Esquerdo.
Sou antiquada, sou careta,
Faço carranca quando me desrespeitam,
Torço o nariz para o que não gosto.
Falo alto, mas não faço barraco.
Faço escândalo, mas não desço do salto.
Brigo pelos meus ideais,
Não entro em brigas banais.
Sou chata, ainda que redonda.
Mas se você me aguenta,
Abre-me aos poucos, destranca-me.
Conhece cada recanto de encanto.
Descobre a simpatia e educação,
Ainda que escute o sermão.
Faço caretas com nariz de palhaço,
Para rir e gargalhar até o cansaço.
Falo de Deus, nosso Senhor,
Da felicidade e do amor.
Desfaço-me em alegrias cheias de fé,
E estou aqui para o que der e vier.
Calma, garota. O mundo não vai acabar.
Desacelera, pare um pouco para respirar.
Corre tanto que não vê a vida acontecer,
Só passar. 
Sossega, que tudo vai se encaixar.
Não é da noite para o dia,
Mas dia após dia,
Que a felicidade vem.
Sou forte, mas debaixo dessa fortaleza
Mora uma garota solitária e insegura.
Sou âncora para aqueles que me pedem ajuda,
E areia quando encontro-me sozinha.
No momento, só queria carinho.
Atenção e companhia.
Dá para ficar? Por favor,
Pode me abraçar?
Quero arrancar o coração do peito, e parar de sentir. Quem sabe assim, pare de doer.

Doses diárias de café


Minha menina-café, deixe-me beber de você, sentir o seu corpo quente em meus lábios secos e sedentos. Preciso sentir seu gosto saboroso em minhas papilas degustativas, bebericando aos poucos, para não queimar minha língua felina, que desliza pelas beiradas da xícara. Quero sentir seu aroma de menina-moça todas as manhãs, a acordar-me desse pesadelo chamado vida. Pois sim, vivia em meio a dores e desgostos, mas agora, minha pequena, eu vivo sonhando acordada. Tomo-lhe em meus braços, minhas mãos, minha boca e lhe devoro pedacinho por pedacinho, como se fosse um bolo de café, fofo, macio e completamente delicioso. De tanto ser gostosa, acabei me viciando em seus encatos, e passei a injetar pequenas gotas diárias de você em minhas veias dantes envenenadas.

Vem dormir comigo...


"Amor... Você vai demorar?

Essa foi a mensagem que li no visor iluminado do celular. Sorri instantaneamente. E habilmente digitei: 

"Não, querida, estou acabando, estou em casa no máximo em uma hora."

Entre leituras de relatórios, o celular apitou uma segunda vez, e eu prontamente escaneei os olhos pela tela:

"Estou morrendo de sono, mas tentarei lhe esperar."
Eu quero passar todas as noites ao seu lado, minha pequena
E quero te sussurrar bom dia em cada raiar de sol.
Ser aconchego em dias cinzas quando não queres sair da cama,
Ou abrigo em dia de tempestade, para que chores em mim. 

The Promise - Emma Blackery (vídeo)


         Faz tempo que não vejo aqui trazer vídeos... Bem pensei bastante em outras vezes sobre que vídeos colocar aqui, mas acabei não o fazendo. Dessa vez um vídeo me tocou bastante, por isso resolvi colocar aqui, para que toque outras pessoas. É o videoclipe da música "The Promise" da Emma Blackery. Ela é uma vloger britânica, que eu acompanho há um tempo. Gosto bastante de alguns vídeos dela, e ela está produzindo um novo CD, já tem outra música e videoclipe gravados, "Go on distance", e hoje ela lançou esse. Lembro que ela fez essa música um tempo atrás, e tinha gravado um vídeo com alguns amigos youtubers dela, e agora ela fez um videoclipe. A música fala sobre aqueles que já não aguentam mais, tem muitos problemas, depressão... Para aguentar mais um pouco... Espero que entendam a mensagem do vídeo, é muito bonita. Um pedacinho da letra:

"Because you are so beautiful, I promise you this, I promise you this, you're more than capable, believe in yourself when nobody else is listening."
Estou enlouquecendo... E sei que estou enlouquecendo, eu posso ver, posso sentir... Quão louco isso pode ser? O quão amedrontador? Observo atentamente enquanto lentamente eu me torno quem eu não quero ser. Vejo o monstro que reside dentro de mim soltando-se das suas amarras... Minha paranoia manda lembranças, sorrindo, pois sabe que por mais que eu tente, não consigo controlá-la. Minha mente gira e gira e gira... Os pensamentos viajam rápidos... Eu tento me conter, controlar, sei que estou errada... E de vez em quando uso e abuso da ironia... Porque não quero me esconder, esconder o que sinto... Preciso mostrar... Escancarar para que você veja. Me veja. Perceba o que sinto. Quero me desfazer da invisibilidade. Estou aqui! Você não vê? Não vê como me sinto? Não se importa? Não posso me permitir deixar que o outro sinta minha falta, porque o medo latente dentro de mim tem receio de que não sintam minha falta, e de que me esqueçam aqui...

Posso ser sua cabelereira?



Posso ser sua cabelereira? Posso mexer em seus cabelos?
Não tenho diploma não, senhorita, mas prometo ser gentil.
Observo os fios escorrendo pelos ombros, lisos e compridos, 
De um tom castanho-avelã e tenho vontade de moldá-los...

Posso trançá-los com meus dedos, deixando os ombros livres,
Podendo abraçá-la e depositar pequenos beijos em sua pele.
Bagunçá-los no alto da cabeça, dando-me livre acesso
Para pequenas mordidas em sua nuca arrepiada. 

Querida São Paulo



Minha querida e grande São Paulo,
Hoje, talvez pela primeira vez,
Vi com olhos tristes sua realidade cinza,
Mas ainda nem tão nua e crua assim.

Pela janela embaçada do ônibus,
Tive medo ao encarar suas ruas,
Tão escuras e misteriosas,
Com receio do que elas escondem.

Fico aqui pensando, rolando em minha cama, sentindo sua falta, lembrando-me dos pequenos e preciosos momentos em que passamos juntas. Eu poderia dizer que quando nos vemos o mundo para por um segundo, mas não é verdade. É exatamente o contrário, meu mundo gira muito rápido, e as horas passam em um piscar de olhos. De repente, já está no momento da despedida, e meu coração pede por mais tempo. Não que eu já não tenha aproveitado cada segundo ao seu lado. É estranho como nós funcionamos, não é? No minuto em que ponho meus olhos em você, um sorriso se abre em meu rosto, mas ainda não vejo com clareza. Brincadeiras, risadas, conversas... Nada fora do comum... Mas quando nos aproximamos...

Fico perdida nos detalhes do seu rosto, pequenos gestos que passam despercebidos. Como o vermelho que persiste em suas bochechas quando ri demais, e não é de vergonha... Ou quando seu braço roça no meu... Guardo esse momento em minha mente, sabendo que apesar de ínfimo, tenho a sensação de ser importante. Quando estamos conversando frente a frente, e tenho a oportunidade de olhar dentro dos seus olhos, e o seu sorriso fica meio desfocado... Mas a melhor memória, a mais fugaz, e a que eu mais gostaria de guardar, é o seu cheiro. Um delicioso e suave perfume, que me remeteu às lembranças daquele quarto de hotel. Ah se eu pudesse guardar seu cheiro! Gostaria de ter memória olfativa, mas infelizmente não o tenho.

Andei tanto para poder te encontrar, e andaria tudo de novo, se pudesse ficar mais tempo ao seu lado. Necessito dos seus carinhos, do seu toque macio, da sua carência que combina tão bem com a minha. Toda vez que penso muito sobre sentir seu cheiro, acabo com a imagem em minha mente de um abraço. Meu nariz roçando em suas costas nuas, sentindo sua pele macia, quente, gostosa. Meus beijos em sua nuca, minhas mordidas de leve por toda a extensão dos seus ombros... A cada lado que viro em minha cama vazia e gélida eu peço para ter seu corpo aqui junto ao meu. Necessito deslizar meus dedos e deixar minhas digitais em seu corpo. Ouvir seus gemidos, sua voz em meu ouvido, e sussurrar minhas juras de carinho eterno. 


Imagens Que Contam Histórias 25


Andava sem rumo pela rua movimentada, sem ninguém prestar-lhe atenção, preferia assim, até que o cadarço do seu tênis desamarrou. Geralmente não dava muita atenção a isso, era capaz de andar com ele daquele jeito mesmo, mas um trupicão que quase lhe levou ao chão a fez pensar que seria melhor parar e ajeitar o sapato. Em uma rua sem saída, sentou-se no chão e começou a enlaçar o cadarço. De repente, sentiu algo nas costas, um leve peso, que não a assustou, mas a deixou ressabiada. Era uma garota das ruas, nunca confiava em ninguém, não tinha ninguém, então olhou com cautela, e se surpreendeu ao ver uma garota que sentara de costas para ela, encostada nela. Seu instinto era sair correndo, não entendia como aquilo estava acontecendo, mas dentro de si sabia que não deveria se mexer. Olhou de lado, observando a paz naquele rosto angelical, e seu coração se acalmou. Desejou, por um mísero segundo, ter uma família como a aquela garota deveria ter, ser cuidada daquela forma, bem vestida, ter alguém que se importasse com ela. Sorriu, e depois deixou o rosto sério novamente. De leve, cutucou a menina, dizendo-lhe que ela deveria ir pra casa. A garota sorriu, disse que estava muito cansada pra continuar, por isso pegara no sono, pedira desculpas pelo incômodo, e agradecera por ser um anjo e ter cuidado dela por aqueles poucos minutos, sabia que nenhum mal iria lhe acontecer. Levantou-se e foi embora, sumindo na próxima esquina. Ela ficou ali, sem entender, surpresa, e com o coração a mil e as lágrimas nos olhos.

Blog em inglês


Olá pessoal! Eu vim divulgar meu novo blog, "It's A Broken Heart" para postagens de textos, histórias, poemas e outras coisas em inglês. Gosto de escrever em inglês e preciso melhorar minha escrita, e pra isso, só praticando, e sei que aqui no blog uma grande maioria que acompanha meus textos só lê em português ou não entende direito o inglês, por isso quis criar um outro lugar em separado onde eu possa postar somente em inglês. Sintam-se livres para visitar o blog, ler os posts, fiquem à vontade. 

Hey, minha pequena...


Hey, minha pequena, somos só eu e você agora. 
Não, não somos, eu sei. Você pode sair por aí e encontrar outras pessoas, se quiser. Mas se caso estiver a fim de um programa a dois nesse sábado à noite, passe em casa. Prometo render boas risadas ao som do filme mais dramático que tiver, porque não vou te deixar entristecer. Podemos comer pipoca, chocolate, tomar refrigerante e passar a noite acordadas conversando sobre a vida, o destino, ou sobre como eu ficaria bem entre suas pernas. Você pode não querer sair para encontrar alguém, mas poderia escolher ficar sozinha, entre pensamentos e punições, e por mais que eu queria ir atrás, irei te respeitar e deixar você ir. Mas se quiser ficar, eu estou aqui.

Hey, minha pequena, eu preciso ser sincera com você. 
Senta aqui, do meu lado, está vendo essas estrelas no céu? Nunca fui muito fã delas... Nunca quis saber qual é a culpa que dizem que elas têm... Mas ultimamente tenho olhado para elas e pensado em você. Aliás, em todos os minutos eu estou pensando em você. E me surpreende como vou às lágrimas tão facilmente ultimamente, e como me dói quando diz que irá passar um dia ou dois longe de mim, sem podermos conversar. É como se faltasse um pedaço de mim, como se eu estivesse sozinha, eu fico esperando você aparecer para conversarmos. Sinto-me entediada, precisando da sua presença.

Conto – Encontro Casual


Conto – Encontro Casual

Eu já estava pronta para sair, mais um sábado que eu iria passar fora. Fazia meses que eu não parava mais em casa nos fins de semana. Sempre um barzinho diferente, uma boate nova, dessa forma eu não via a vida passar e as oportunidades sendo jogadas fora. Eu estava tão acostumada a essa vida doentia de agitação, que nunca quis sair dela. Olhando-me no espelho, o rosto carregado em maquiagem, as roupas negras e brilhantes, a quem eu estava querendo enganar? Tentava me convencer de que eu estava bem, mas eu sabia que não estava. Suspirei, cansada demais. Por mais que eu vivesse na noite, eu já estava morta por dentro há muito tempo. Sentia meu corpo cansado daquela rotina agitada. Mas era o que eu sabia fazer... Esconder-me na multidão, ser mais uma desconhecida, ninguém nunca prestava atenção em mais um rostinho bonito, um corpo dançando loucamente no ritmo das batidas.

            Apoiei-me no mármore em baixo do espelho, suspirando pesado, a dor quase física. Um sorriso irônico nos lábios... Quem um dia iria prestar atenção em mim? Por mais barulho que eu fizesse, para ser percebida, só me fazia envelhecer sozinha, amarga. Talvez o amor não fosse feito para mim... Talvez eu não fosse para ser uma mulher. Apenas algo, que come, bebe, ri, faz escândalo e de repente some. Meu coração estava seco, sedento de alimento, sentimento. Minha alma sentia-se pesada, enquanto minha mente enlouquecia a cada segundo. Mas eu gostava disso... Essa dor, que chegava a ser física, me fazia sentir viva. Eu me alimentava dos meus próprios fantasmas, fazendo com que a loucura não me deixasse morrer. Eu sabia que não era o melhor para mim, mas era o meu porto seguro. Sabia que sempre que desse um passo em falso, era só voltar correndo para minhas velhas ilusões, elas estariam lá, não iriam me decepcionar.

Minha Loucura


Eu queria voltar atrás, resgatar minhas dores, 
Reabrir feridas com minhas próprias mãos, 
Fazê-las sangrar, deixá-las expostas, 
E rir e chorar da minha própria desgraça.

Busquei melodias que me faziam chorar,
Reli velhos textos amarelados pelo tempo,
Trouxe à memória conversas e monólogos,
Mas não há mais lágrimas em meus olhos secos.

Oneshot - Addicted to You


Oneshot – Addicted to You

N/A: Oneshot feita para um desafio #LanaGlamourosa do grupo do facebook Fanfictions OUAT, baseado na foto que eu escolhi. Escrevi ouvindo um cover da música "Addicted to You" do Aviici. Espero que gostem!

Foto: http://31.media.tumblr.com/bcc353e20086cf35354f31b2137ab3dd/tumblr_n452lz0ysv1schl6lo1_r1_500.png

Durante toda sua vida, Regina tinha hesitado em dar os primeiros passos, em tomar a frente. Quando era conhecida por Evil Queen, não se importava muito com as consequências e ia atrás do que queria, mas geralmente movida por raiva ou vingança, sentimentos bem diferentes dos que tinha nessa nova vida. Como Regina, pensava mais em suas ações, tinha receios e medos, aprendia a controlar seus impulsos, e isso lhe lembrava um pouco de sua juventude. Sempre esperando... O homem que viria a ser seu amor verdadeiro. Com o passar do tempo, ela começou a aprender que enquanto não fosse atrás dos seus objetivos, não conseguiria o que tanto queria. E dessa vez, não era o quê, mas quem.

            Aquela era a primeira festa que dava na mansão. Dentro do seu quarto, olhava pela janela, o nervosismo lhe consumindo, enquanto se perguntava se aquela seria mesmo a melhor estratégia. As pessoas chegavam de todos os lugares, para a festa que a prefeita dava, em sua própria mansão. Um sorriso se apossou dos seus lábios, ela sabia que muitos estavam ali para ver com seus próprios olhos se aquilo seria verdade. Oh sim, todos sabiam que Regina havia mudado, mas daí a se tornar alguém tão simpático e solícito era uma grande diferença. Ela sorriu ainda mais. Ah se eles soubessem qual era o verdadeiro motivo daquela festa...

Resenha – Orgias Literárias da Tribo

Resenha – Orgias Literárias da Tribo           

Hoje eu vim trazer a resenha de um livro em que tive a honra de participar. O livro se chama “Orgias Literárias da Tribo”, uma coletânea organizada pelo Fabricio Viana, na Editora Orgástica. Foram selecionados 10 autores, entre gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, e um autor convidado. Lembro que ao ver o título da antologia, achei interessante a proposta, principalmente porque eu adoro textos que chocam! E o que a gente não pensa quando é convidado para uma Orgia Literária? Mas é uma grande jogada, principalmente por nos atrair para entender e conhecer o que seria isso, e então se deliciar na variedade de textos apresentados. Eu não conhecia quase ninguém da antologia, apenas a Karina Dias, de quem já sou fã há anos, imagine o quanto não comemorei em ter entrado na mesma antologia que ela!

Então, quando fui para o lançamento do livro, comecei a conhecer cada um dos nomes que eu tinha visto fazerem parte do livro. Foi uma tarde de autógrafos maravilhosa e adorei conhecer cada um deles. De volta à minha cidade, foi só aí que comecei a conhecer a literatura particular que cada um deles produziu. Fiquei completamente maravilhada com a diversidade de cada um dos textos, e como eles são bem diferentes, até mesmo no jeito em que foram colocados e diagramados.

Momentos


A vida é feita de momentos. E esse é o meu momento. Eu, apressada como sempre, diversas vezes me perguntei para onde estou indo, o que está acontecendo. Tentei classificar o sentimento, colocá-lo em um compartimento, tentei entender o que estava rolando, colocar etiquetas, mas todas as vezes em que o fiz, acabei enfiando os pés pelas mãos. Noites em claro e em choro foram disperdiçadas nesse processo. Quando irei eu entender que não há como classificar? Os momentos são tão fugazes, eles aparecem do nada, duram um tempo incerto, de segundos a horas, dias, meses... Para sempre? Não, pois eles são passageiros. E quando você menos espera, eles já acabaram. E a graça é que por mais que você espere por eles, sempre é pego desprevenido. Aos poucos vou aprendendo a desacelerar, a parar de querer ter um porto seguro. Aliás, eu preciso ter: em mim mesma. Afirmar minhas certezas, meu eu, ser minha própria rocha. Fora isso, ando aprendendo a andar na corda bamba. Em cima dos muros, seja nos dias nos quais o sol brilha forte e me aquece, ou nas noites em que a escuridão toma conta dos nossos corpos e das nossas mentes. Tendo uma âncora em mim mesma, posso sempre voltar à razão, mas ao mesmo tempo, posso aproveitar todos os momentos que eu conseguir. Quando deixo de pensar, quando deixo rolar, é quando mais consigo aproveitar. São risadas, felicidades, loucuras entre outras mil incertezas, mas que me alegram tanto! Eu tenho medo, bem lá no fundo, de que um dia esses momentos passem, apesar de eu saber que é exatamente isso que vai acontecer. Eu só não queria que fossem muito cedo... Apesar de algumas lágrimas vez ou outra, o riso tem prevalecido em meu coração. Aos poucos respiro fundo, concentro-me, e vou me entendendo, tornando-me alguém melhor, aprendendo a ter paciência, e construindo memórias cheias de momentos inesquecíveis, fulgazes, e vitais para a minha felicidade, minha vida.

Fanfic: Castle Walls - Parte 05


Parte 05

Aqueles dias que se passaram após minha volta foram bem tumultuados. Os dias de folga foram ótimos, e eu realmente estava precisando, mas isso fizera com que o meu trabalho se acumulasse. Passei uma boa semana lotada de tarefas e casos em andamento. Fechamos alguns, enquanto muitos outros se abriam. Logo nos primeiros dias não falei com Addison, ela não me ligou e eu também não a procurei. Eu sentia muita falta dela, principalmente à noite, mas achei que fosse melhor ficarmos afastadas. Em compensação a tanto trabalho, meus dias estavam sendo divertidos e um pouco tranquilos com a presença de Castle. Ainda que eu o achasse um pouco imaturo na maioria das vezes, era divertido. Trabalhávamos em um caso logo depois que voltei de LA, e muitas coisas acabaram coincidindo. A resposta dele para tudo era: destino. O universo queria que encontrássemos o corpo e que resolvêssemos o caso. Eu o olhava incrédula com um sorriso no canto dos lábios. Ele entendia bem a mensagem.

Imagens Que Contam Histórias 24


Era tarde da noite, e sem conseguir dormir, rolando de um lado para o outro na cama, resolvi levantar e depositar meus pensamentos em um papel velho: eu ia lhe escrever uma carta. Deixei com que a caneta facilmente deslizasse no papel, imprimindo todas as minhas dores e dúvidas. Essa incerteza de não ter, não pertencer, queimava-me a alma, e agora era como se a caneta estivesse incandescente. A tarefa era árdua, mas continue abrindo-lhe o coração. Madrugada fria, fui até a cozinha e coloquei um gole de café morno na xícara e voltei para o quarto, parando para observar a janela. O luar estava alto, e eu podia ver o topo dos prédios a partir da janela do meu apartamento. Suspirei, sentindo-me sufocada. Voltei a me sentar, depositando a xícara ao lado. Eu me sentia tão só, precisava tanto de alguém ao meu lado... Mas não alguém ausente, um ser presente. Alguém que me abraçasse, que dissesse que não iria embora, e que cumprisse a promessa. Que quisesse me ter pra sempre. Sinceramente, eu estava cansada de correr, fugir, fingir. O soluço veio súbito, e eu não pude contê-lo; nem tentei, pra ser sincera. Enquanto a caneta rapidamente transformava em palavras os meus sentimentos malditos, meu peito se enchia de uma raiva genuína. Dor e mágoa há muito guardados, e quando dei por mim, eu já rasgava o papel. Merda! Joguei a caneta longe, e no rápido movimento, derrubei a xícara com o líquido preto, agora totalmente frio. Observei-o escorrer pelo papel, com uma certa mórbida curiosidade, descobrindo os desenhos que ele fazia, enquanto manchava tudo de marrom. Dos dois buracos negros que eu havia feito, escorriam lágrimas de café, e o sorriso sincero abriu-se em meu rosto. A tristeza estampada no rosto encovado da solidão, impressa em um autoretrato da amante de café: eu mesma. Então eu chorei, em silêncio, deitando a cabeça em cima da mesa, sentindo o coração se apertar no peito, uma dor realmente física, desejando, bem lá no fundo, que eu morressse de um ataque cardíaco. Covarde, eu sabia, mas naquele momento, eu não me importava. E ainda que soubsesse que eu iria estar de pé quando o sol raiasse, fechei os olhos e derramei o café amargo da solidão, vomitei as palavras entaladas na garganta, e esperei pela benção da inconsciência do sono.

Solidão


Essa solidão que habita em mim,
Será que um dia irá partir?
Gosta de me enganar, fingi-se de morta,
E quando menos espero, aparece novamente. 

Essa solidão que habita em mim,
Não entendo a razão de querer ficar.
Vá-se embora, já me habita há tempo demais.
Não te quero por aqui, apertando-me o coração.

Olha Só


Olha só o que fez comigo, minha menina
Meu pensamento está em você todo dia.
Já não faço mais nada sem me perguntar:
Estará você pensando em mim também?

Olha só o que fez comigo, minha flor
Tenho a necessidade de te levar comigo aonde for.
Quero compartilhar com você meus momentos,
Chorar em seu ombro e rir de suas palhaçadas.

Menina-café


Todos os dias eu acordava cedo, e ia zumbizando até o banheiro, depois me arrastava até a cozinha na intenção de começar a preparar meu café. Colocava o pó no coador, e sentava-me na bancada esperando ficar pronto. Meu único alento era saber que logo aquele cheiro delicioso iria me embriagar, e que logo eu iria me deliciar em seu sabor. Todos os dias a única certeza que eu tinha, que me animava o dia, era saber que eu tinha o meu sagrado café a me fazer companhia.

Então, um dia acordei de um pulo, coração acelerado, o dia já tardava pela janela. Não ia dar tempo de fazer o café! O mau humor já me pegou de jeito, e eu previ que seria um dia ruim daqueles. Mas foi então que o cheiro característico invadiu minhas narinas. Achei que estava maluca, sonhando, ou delirando, pra falar a verdade. Curiosa, nem fui ao banheiro, deixei-me guiar pelo meu tão amado cheiro. Flutuando até a cozinha, parei escorada no batente da porta, e foi a visão mais linda que eu já tive.

Livro reúne 10 autores em uma verdadeira orgia

Olá pessoal! Como eu havia comentado, eu sou uma das autoras do livro Orgias Literárias da Tribo da Editora Orgástica, organizado pelo autor Fabrício Viana. Esse livro é uma antologia de contos que reúne diversos tipos de contos, cada um representando um grupo dentro do grupo LGBT, e cada um bem diferente do outro, e muito interessante. 

Eu tive o prazer de poder participar dessa coletânea, e fico feliz de ter conseguido ser selecionada, pois finalmente posso ter um dos meus contos publicado em uma antologia voltada para o público GLS (quem acompanha meu blog e meus trabalhos sabe que a maioria do que escrevo é voltara para esse público, principalmente para mulheres que amam mulheres). É sempre bom conhecer novos autores, novas propostas, e conhecer o diferente. O meu conto publicado no livro é "Loiras (In)Decentes", uma história bem engraçada e divertida, quem não leu, corre comprar o livro e dar uma olhada, pois além desse conto, será brindado com uma diversidade de opções para ler, conhecer, e gostar, dos outros autores dessa super antologia. E claro, compareçam no evento!

Para saberem mais sobre o evento, o livro e o organizador da antologia, foi lançado o release a baixo, com todas as informações: 

Conto – Promessas de Um Monstro



            Promessas foram feitas para serem quebradas, e mulheres para serem abusadas. Já dizia meu pai, que abandonou minha mãe quando eu tinha apenas três anos. Desde muito nova senti o gosto amargo da vida nas ruas. Sentia o peso dos corpos de diferentes homens em cima de mim, o cheiro repugnante de uísque barato impregnado nas roupas imundas, e tudo para conseguir uma merda de alguns trocados para não morrer de fome.

            Desde pequena aprendi a roubar, comecei com carteiras em bares. Conseguia ir para a cama com algum ricaço e depois de embebedá-lo e transar com ele, pegava tudo o que ele tinha e sumia nos becos da cidade outra vez. Aprendi a mentir para conseguir o que quisesse. A fingir, como uma atriz. Aprendi a apanhar também, sentir o gosto adocicado do meu próprio sangue. Aguentar a dor, engolir o choro, não me importar. E com o tempo, as marcas no meu corpo já retalhado não doíam mais. Com o tempo, aprendi que nada é pessoal, são apenas negócios. Não o dinheiro. É importante, sim, mas não tanto. O imprescindível para se sobreviver nesse mundo é ter poder. E agora eu o tinha.

Fanfic: Do What U Want - Capítulo 04


Capítulo 04

Demorou um pouco, mas após quatro horas Emma havia arrumado boa parte do escritório. Ainda havia algumas pilhas que ela precisava rever, mas a maioria das coisas já estava em seu devido lugar. Algumas vezes o telefone tocara; pequenas coisas que ela tivera que resolver na delegacia, que a interromperam de sua tarefa. Mas apesar disso, conseguira fazer bastante coisa. Já estava na hora de ir embora, juntou suas coisas e saiu, trancando o escritório. Pegou seu fusca e foi dirigindo até a casa de Mary Margaret. Logo quando entrou no apartamento percebeu que o local cheirava à comida. Seu estômago roncou, ela estava faminta! Mary estava no fogão, cozinhando animadamente, então ela chegou de mansinho, dando uma espiada no que havia para o jantar.

— Chegou cedo hoje. – Snow comentou, dando um beijo no rosto da filha.

— É, havia muita coisa para arrumar no escritório, e eu resolvi deixar uma parte para amanhã, estou bem cansada.

— Com certeza. Logo o jantar estará pronto. Henry está lá em cima lhe esperando.
Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger