Me Escreva


Me escreva. Me ponha no papel. Me crie com sua caneta-tinteiro, para que você não possa me apagar. Me faça sair em linha reta, desfilando toda minha arrogância de sabe tudo, ou me desenhe em linhas tortas, demonstrando toda a confusão instalada em minha mente perturbada. Me manche, assim como eu manchei sua vida, me rabisque, me rascunhe, para que me jogue fora se não gostar do resultado. Me recite em belos poemas, rimando sua vida na minha, nem que por breve e singelos instantes efêmeros. Me grite em letras garrafais e maiúsculas quando me odiar, seja bruta, eu não me importo. Me chame de vadia, sublinhe o vaca diversas vezes e reescreva o puta por toda a folha de novo e de novo até acreditar que eu sou realmente filha dela. Me carimbe com suas lágrimas, deixe que eu escorra no papel, sem destino, sem começo nem fim, apenas no meio do caminho da sua felicidade. Me suja, me xingue, me maltrate. Faça comigo o que bem quiser. Me amasse, me embole, me rasgue. Mas eu só lhe imploro uma única coisa: me escreva. Me escreva! Me marque em sua pele, me faça existir, me faça ser imortal. Seja para o bem ou para o mal. Seja eu sua alegria ou sua dor. Seu riso ou seu pranto. Mas eu sou! Eu sou! Então me escreva, vamos! Me transforme em realidade, me tire da mente, me faça ser importante! Se importe! Me faça a diferença! Me escreva. Nem que nunca me mostre pra ninguém, nem que jamais se lembre de mim dentro da gaveta esquecida, mas por favor, me escreva. 

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