Hey moça...


Hey, moça, vem tomar um café comigo. Senta aqui, me dá a mão, vamos conversar. Faz tempo que te observo de longe, assim, como quem não quer nada. Seu largo sorriso é morada certa em teus lábios, mas há dias em que o cansaço é tanto que você quase se esquece de sorrir. Seus olhos estão tristes e as preocupações habitam todos os cantos da sua mente, tirando o seu sono. Calma, moça, vai dar tudo certo, sabe? Afinal, você é uma sobrevivente, uma lutadora. Quando ouvi tua história, meu coração se apertou no peito, minha vontade era de te segurar no colo, abraçar forte e secar tuas lágrimas. Vou ser sincera e espero que não seja inapropriado o que irei dizer. Ainda que alguns bons anos atrasada, quero lhe dizer que você é uma mulher extraordinária. Moça, você é linda! De encher os olhos de quem lhe vê, e de encher o peito de quem lhe conhece. Você floresce por dentro, espalhando imensa alegria a todos ao seu redor. Sua energia contagia o ambiente. Você merece ser bem tratada, bem cuidada, bem respeitada. Você merece um cara que te veja como a mulher forte, independente, maravilhosa, engraçada e incrível que você é, e que perceba que todas essas suas qualidades são o que te fazem única. Quando fala em francês, seus olhos brilham, seu coração palpita no peito e seu rosto se ilumina. Espero que cuidem bem desse coraçãozinho, você merece.

Um momento de estranhamento


N/A: texto produzido para o Ninho Online sobre um momento de estranhamento vivido pelo personagem.

         Eles disseram que vou me sentir melhor. Eles disseram que tudo ia ficar bem. Mas não consigo tirar esse peso da garganta, não consigo tirar essa sensação de borboletas rasgando meu estômago. Dois meses atrás, quando cheguei em casa, minha mãe estava mexendo no meu quarto. Jogava meus CDs fora, tirava os pôsteres de banda das paredes, olhava minhas anotações nos cadernos. Quando me viu, não falou nada. Na semana seguinte ela me comprou um vestido. Deixou em cima da minha cama. Sorri amarelo, agradeci, mas disse que eu não queria, não gosto de vestidos. Ela insistiu, eu tentei usar. Olhei-me no espelho com aquela peça rosa florida caindo desengonçadamente no meu corpo magricela. Não gostei, não me senti bem.

Resenha - O Pacto


Corredores de um hospital em São Paulo. Sala do almoxarifado. Luzes piscando. Breu total. 
Você sente alguém tocando seu ombro. 
Detalhe: você está sozinha na sala. 

       É nesse clima de suspense que se passa a história da obra "O Pacto", o segundo livro da escritora Lis Selwyn, da Metanoia Editora. O livro foi lançado no dia 16 de Setembro, em Jundiaí, no Centro Cultural Barravento a convite do grupo CUME - Espaço artístico para atividades culturais e reflexões sobre questões de gênero e sexualidade. Infelizmente não pude comparecer ao evento, mas confesso que fiquei curiosa com a capa vermelho sangue do livro. Uma semana depois, quando finalmente consegui colocar minhas mãos no Vermelhinho, após tomar um delicioso açaí com a autora, fiquei morrendo de vontade de ler. Assim que comecei, não consegui mais parar! Juro! Li o livro em dois dias! Eu simplesmente precisava saber o que ia acontecer.

Um momento perfeito de escrita


Um Momento Perfeito de Escrita

N/A: Esse texto foi criado para um exercício do "Ninho de Escritores Online" sobre um momento perfeito de escrita.

Após tantos anos, ali estava eu, ali estávamos nós. Duas estranhas que um dia foram mais do que amigas. Seus olhos me prenderam uma vez mais e seu sorriso, surpreendentemente, apareceu ao me reconhecer. Eu queria falar, mas da minha boca nada saía. Eu estava branca, tremendo, com o coração acelerado, estômago embrulhado. Sua mão tocou em meu braço, senti-o queimar. Segurei em sua mão, por milésimos de segundo, até que ela me soltasse e se afastasse. Suspirou… Sorriu… Olhou-me… E partiu. Não sei explicar como me senti, um misto de dor e emoção, um pouco de felicidade, mas cheia de dúvidas.

Ser amada é doce


Ser amada é doce como eu jamais achei que poderia ser. Eu sempre me foquei em amar as pessoas, em me doar ao máximo, mesmo sabendo que eu nunca seria amada da mesma forma. Então eu experimentei a doçura de toques suaves, apelidos carinhosos e abraços quentinhos em noites frias. Acostumei-me a acordar com seus beijos e seu rosto macio, a ir dormir enroscada em seu corpo, de mãos dadas. E tal criança pequenina falo contigo em uma linguagem fofinha que os amantes usam.

Ser amada é doce como um sopro de vida. Saber que mesmo com todas as lágrimas e as vozes que sussurram em meu ouvido eu tenho uma alegria que me abraça todas as amanhãs. Sentir-se amada é um calorzinho gostoso de fim de tarde, contrastando com aquele arrepio gostoso da brisa das manhãs. Sinto-me mais viva, com vontade de viver e desbravar novos lugares, viver novas situações.
Eu queria lhe arrancar do meu peito.

Doses diárias de amor 01


Às vezes é bom, às vezes não é. Dia após dia vamos aprendendo a lidar uma com a outra. Às vezes, brigas e discussões são inevitáveis, mas já estou me cansando disso. Não gosto de te ver chorar, não gosto de te ver triste. Você tem um sorriso tão bonito... Lhe disse isso na primeira vez em que nos encontramos. São tantas coisas boas que acontecem diariamente, mas que de tão pequeninas, passam despercebidas... Por exemplo, gosto de fazer cócegas em você, e sabe por quê? Para te ver rindo. Gosto de te ver sorrindo. Acho fofo que, quando você me aperta, arregala os olhinhos e eu fico olhando para eles, tão bonitinhos. Ou quando ficamos dando cheirinhos uma na outra, Gosto de cheirar seu pescoço e sentir seu perfume, e quando você não está, dormir abraçadinha com seu travesseiro. Gosto de te abraçar e apertar, dar beijos nas suas mãos, na sua barriga, no seu rosto, sua boca. Gosto de me aconchegar em você quando está frio. Gosto de assistir a séries nem que for por 10 min de noite porque está tarde e você precisa realmente dormir. Tanta coisa que gosto em você... Em nós... E, nos piores dias, gosto de te abraçar forte, enquanto chora no meu ombro, para saber que eu estou aqui, te abraçando, consolando, dando apoio. Para saber que eu amo você.
Será que eles estão falando de mim? E se não for? Mas e se for? Será que eu fiz algo errado? Será que é por que não trabalho direito? Eu não devia ficar mexendo tanto no celular... Droga! Será que vão me demitir? Contratar outra pessoa? Ela não parece tão animada em me ver... Não tem conversado tanto comigo... Será que eu fiz alguma coisa? Será que está brava comigo? Descontente?

Todos esses pensamentos ficam rondando minha cabeça. Eles chegam de repente, assim, do nada, e trazem minha insegurança com eles. 

Errei de novo... Algo tão simples! Foi tão idiota! Ela vai achar que sou burra, não é possível. Estava numerado e, mesmo assim, coloquei na ordem errada...

E se ela me achar mesmo burra? Por não conseguir seguir uma simples ordem? Logo eu, tão inteligente e atenta profissionalmente... 

Eu sei que não sou burra, eu sei que gostam de mim, eu sei que faço um bom trabalho. E ainda assim, não consigo calar essa voz constante dentro da minha mente, dizendo-me coisas ruins, fazendo-me duvidar sobre mim mesma, sobre minha capacidade. Pelo menos já consigo reconhecer quando isso acontece, e tento me convencer das minhas qualidades, de que eu sei que são mentiras e que não devo escutar essa voz. Mas ela insiste. Persiste. Sussurra...

Resenha - As Rosas e a Revolução


Faz tempo que não faço resenhas, mas após ler esse livro incrível em menos de um mês, não tive como me calar frente a tantos sentimentos que emergiram em meu ser. Hoje o livro em questão é "As Rosas e a Revolução" da autora Karina Dias. Sou fã do seu trabalho desde os meus quinze anos (há dez anos) e venho dizer que essa é a melhor história que ela já escreveu! Comecei lendo seu romance de estreia, "Aquele Dia Junto ao Mar", ainda na internet, e algumas outras histórias em coautoria e contos que ela escreveu. Gosto muito do seu estilo como escritora e da forma como ela conta as histórias. É muito interessante ver sua evolução do primeiro romance até esse livro, seu terceiro.

Resenha - A dor me enfeita a face

Resenha - A dor me enfeita a face


E enfeita mesmo, viu? Tenho certeza que se eu olhasse no espelho logo após ter lido alguns capítulos deste livro, meu rosto provavelmente iria demonstrar as mesmas marcas que aparecem no rosto de Rachel.

Comprei este livro, A dor me enfeita a face, da Metanoia Editora, diretamente da autora, Mayti Ulian, em um sarau lésbico produzido pela Editora Malagueta aqui em São Paulo. De início, achei uma capa muito bonita e a sinopse me chamou a atenção. Não sabia o que esperar direito da história, e após ensaiar ler por diversas vezes, depois de vários meses, acabei deixando que essa história me invadisse o peito e me inundasse com suas emoções e sentimentos.
Sometimes I get tired of all of it. It's bad feeling like a total mess all the time, specially when people think the same. 

Poesia - Branca



Em um dia qualquer, esquina dobrada,
É o seu rosto que me deixa assustada. 
Branca feito um papel, boca feito porcelana,
O coração batendo forte na esperança insana.

Será que você me viu? Será que percebeu?
Meus olhos vidrados em seu vestido branco,
Não conseguem se fechar com medo de que
Seja só mais uma miragem, sonhando acordada.

Treino umas palavras na ponta da língua,
Mas você estaria interessada no que tenho a dizer?
Ignoraria minhas tentativas de me fazer ver?
Certeza que não me daria um sorriso sequer. 

Não posso culpar o destino quando fui eu que pedi,
Para ter certeza de não estar louca, te ver eu quis.
Agora estou sempre andando com cuidado,
Com medo de ser assombrada pelo meu passado.


Respira. De novo. Respira.


Respira. Ok, hora de começar. Ou recomeçar. Soltando as amarras que me prendem, seguram e aprisionam, finalmente consigo respirar. Pensar com clareza. Durante tanto tempo fui aquela que ajuda os mais necessitados. Durante tanto tempo fui sua rocha, sua âncora, sua certeza de um porto seguro. Não importava quando, eu estava aqui sempre que precisavam, mas isso tinha um preço. A minha liberdade. De bom grado eu doava meu ser àqueles que eu amava e queria cuidar, sem pensar em mim mesma, nas minhas próprias necessidades. Sou a melhor amiga, a melhor amante, a melhor ouvinte, a melhor cuidadora e a que sempre lhe trará um bom conselho seguido de um bom afago. Obviamente, quem gostaria de perder alguém assim? O fato é que, de pessoa para pessoa, de ajuda em ajuda, o tempo vai nos desgastando, retirando pedacinhos de quem somos para os deixar com aqueles que precisam, e isso nos cansa. É difícil. Mas o tempo... O tempo é maravilhoso. Existe um tempo certo para cada pessoa e para cada caminho. Quando se excede e se tenta estendê-lo, insistindo em segurar uma corda que lhe machuca as mãos, você apenas prolonga a dor da despedida. É chegado o fim, e é necessário. Precisamos seguir caminhos diferentes, querida. Assim é a vida. Não chores, não amaldiçõe, não se culpe. Findou-se o nosso tempo, mas não as nossas lembranças. E então, finalmente sentindo a brisa renovando nossas energias, o sentimento de liberdade se espalhando por nosso corpo e mente, conseguimos finalmente respirar ar puro. E a vida segue o seu curso. Conhecemos novas pessoas, nos abrimos para novas experiências e vivências. Estamos prontas. E tudo acontece de forma rápida, como se apenas estivesse esperando aquele livro terminar para começar o próximo, afinal, já estava na hora. Não que não teremos novos trabalhos para essas novas pessoas que se achegam, mas com certeza, após tanto tempo dedicado àqueles que mais necessitavam de nós, poderemos enfim ajudar a nós mesmas. Viver algo leve enquanto vamos aprendendo e ensinando ao mesmo tempo. E, principalmente, crescendo e evoluindo.  




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